É secretário de Redação de Edição da Sucursal Brasília. Formado em jornalismo, escreve sobre economia e política desde 2000.
Reforma da Previdência deve atrair crise do Rio para Brasília
Yasuyoshi Chiba/AFP | ||
Manifestantes e policiais entram em confronto em protesto contra medidas do governo do Rio |
BRASÍLIA - Lobby e corporativismo são palavras fundamentais para entender como funciona a capital federal. Também ajudam a explicar o que acontece hoje no Rio.
Uma regra de ouro em Brasília é: você não mexe com o funcionalismo. Em sua interinidade, Michel Temer autorizou reajustes para várias categorias. Foi um problema a menos.
Lula deu vultuosos reajustes e é idolatrado. Criou o teto para as aposentadorias do setor público, mas deixou para Dilma, que nunca agradou ao funcionalismo, por congelar salários, colocá-la em prática.
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), já abriu mão da contribuição previdenciária de 30% dos vencimentos dos servidores, medida que renderia R$ 7 bilhões. Era a principal medida de um pacote de 22 medidas que incluem ainda aumento de tarifas de transportes e extinção de programas sociais.
Não é arriscado prever que a parte da reforma da Previdência que atinge servidores também não vingará.
O governo quer regras similares para o funcionalismo e o setor privado. Tentará ainda acabar com a aposentadoria antecipada para categorias como professores e policiais.
Utilizar profissão como critério para dar benefício não parece ser algo com efeito distributivo. Professores e policiais das capitais do Sudeste com salários de quase R$ 20 mil merecem se aposentar antes de um trabalhador do comércio que ganha um salário mínimo nas regiões mais pobres do país? Sem o benefício, haverá menos candidatos a esses cargos, principalmente no setor público?
Para quem acredita que isso pode sair do papel, basta lembrar da votação da renegociação mais recente das dívidas dos Estados. Quase todas as exigências que atingiriam os servidores caíram na Câmara.
Ou relembrar as cenas recentes de servidores, entre eles policiais, invadindo a Assembleia do Rio, algo que pode facilmente se repetir em Brasília. Cauteloso, Temer decidiu deixar os militares fora da reforma.
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