Após um longo período de crise, a venda de motocicletas o Brasil segue em recuperação. A marca de 1 milhão de unidades comercializadas em 2019 será ultrapassada em dezembro, segundo a Abraciclo (associação que representa as fabricantes).
O número simbólico havia sido alcançado pela última vez em 2015. Em 2018, ano de forte retomada no setor, os licenciamentos chegaram a 958 mil.
As motos dizem muito sobre os diferentes momentos da economia nacional. O segmento mostrou o quanto a inadimplência e a consequente falta de crédito no mercado afetavam o brasileiro no começo da década após anos de crescimento do consumo.
O início da queda foi registrado em 2013, antes ainda da retração que se abateu sobre o setor de automóveis.
A descida foi abrupta. Em 2012, houve recorde na venda de motocicletas: 2,04 milhões de unidades foram distribuídas. No ano seguinte, o número de licenciamentos caiu para 1,6 milhão.
O pior momento do mercado interno foi em 2017, com 818 mil emplacamentos.
O resultado atual ainda é pífio diante da mágica de 2012, mas indica que a base do segmento volta a crescer. É onde estão as motos de baixa cilindrada e preço inferior a R$ 10 mil.
Parte desse impulso se deve à informalidade e pode ser visto nas ruas. Os entregadores cadastrados em aplicativos de transporte se multiplicam nas grandes cidades. Mais uma vez, o setor de motos exibe um retrato do país.
Em um passado recente, a queda nas vendas foi atribuída à falta de crédito. As classes C e D, que mais tinham dificuldade em obter financiamento, concentravam 85% dos consumidores de motocicletas de baixa cilindrada.
O arrocho vinha após anos de crescimento do consumo. Dívidas acumuladas no cartão de crédito e no cheque especial corroíam a renda, e mesmo quem tinha nome limpo na praça não conseguia acesso a mais um carnê de prestações.
Diante do que se viu nos anos de queda e dos motivos da retomada atual, é possível observar que o segmento ainda não está saudável. Números mais vultosos só virão com a retomada do emprego, quando motos serão mais vendidas para lazer e deslocamentos diários do que para entregas via aplicativo.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.