Eduardo Sodré

Jornalista especializado no setor automotivo.

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Entrada de novas marcas chinesas deve fortalecer associação de importadores

Abeifa, que tem histórico de derrotas em disputas regulatórias, busca relevância para fazer frente à Anfavea

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Os importadores oficiais de automóveis se empenham em duas frentes para manter a rentabilidade dos negócios: a manutenção das regras sobre o Imposto de Importação para veículos eletrificados e a retirada desses modelos do imposto seletivo. A história recente dessas empresas é marcada por derrotas em temas regulatórios, mas há novos elementos que podem mudar o jogo.

Hoje, a Abeifa (associação que reúne os importadores) é composta por 13 marcas, sendo que apenas duas têm origem chinesa: JAC e BYD. Mas esse número deve crescer em breve, já que diversas montadoras asiáticas têm feito seguidos anúncios de entrada no Brasil.

"Estamos conversando com todas [as novas marcas chinesas], sendo que algumas com mais contato, por pertencerem a grupos já conhecidos", diz Marcelo Godoy, presidente da Abeifa.

Marcelo Godoy, presidente da Volvo Car Brasil, ao volante do EX30, novo modelo elétrico da marca
Marcelo Godoy, presidente da Abeifa (associação dos importadores) e da Volvo Car Brasil, durante lançamento do EX30 - Pedro Danthas/Volvo Car Brasil

Um desses grupos é o conglomerado da Geely, dona da divisão de carros de passeio da Volvo –Godoy é também presidente da empresa de origem sueca no Brasil. Os planos começam com a chegada da marca Zeekr ao mercado nacional, prevista para o último quadrimestre. Há ainda Omoda/Jaecoo (grupo Chery), Neta, GAC e GWM.

São empresas que pretendem fabricar carros híbridos e elétricos no Brasil, mas a produção local não as afasta da associação dos importadores. Desde 2014, a entidade recebe empresas que têm linhas de montagem no país, como a JLR (Jaguar Land Rover).

A mudança no estatuto ocorreu após a maior derrota do segmento. Em outubro de 2011, a sobretaxa de 30 pontos percentuais que incidiu diretamente na alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) inibiu as importações de marcas chinesas e sul-coreanas, que cresciam em vendas. Em seguida, surgiu o programa Inovar-Auto, com estímulos à nacionalização de veículos e componentes.

Os importadores também foram afetados nos anos 1990, quando as constantes mudanças nos tributos levaram empresas a deixar o país.

Hoje, a preocupação das fabricantes instaladas no Brasil é a mesma de 13 anos atrás: proteger a indústria nacional e criar barreiras a carros importados que conseguem competir em preço com os feitos no país. Godoy diz que também se preocupa com isso, mas pede previsibilidade e manutenção das regras.

A Anfavea (associação das montadoras) quer a recomposição imediata do Imposto de Importação para veículos híbridos e elétricos. Contudo, a norma definida pelo governo prevê um escalonamento, com a alíquota integral de 35% retornando em julho de 2026.

"O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin é contrário [à alteração na regra vigente], mas disse também que há departamentos técnicos estudando a questão", afirmou o presidente da Abeifa. "Eu acredito na palavra do vice-presidente."

Godoy não tem dúvidas de que as medidas que podem afetar o setor são motivadas pelo avanço das marcas chinesas. Há o interesse em fortalecer a associação com a entrada dessas novas empresas e, assim, ter mais peso nas discussões que hoje são conduzidas pela Anfavea.

O presidente da Abeifa diz que mudanças na regra atual de cobrança do Imposto de importação seriam um retrocesso. "Medidas protecionistas ou barreiras alfandegárias artificiais são sempre ineficazes. A médio e longo prazos, são prejudiciais a toda a cadeia automotiva e, em especial, ao Brasil."

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