Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Descrição de chapéu Folhajus

Machado de Assis chega ao século 21

Novo livro tem como foco a relação do escritor com o mundo das leis

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Está nas livrarias “Código de Machado de Assis”, de Miguel Matos (Migalhas). É uma visita à obra do maior escritor brasileiro, ao seu tempo e ao mundo das leis. Com um bônus do século 21, o livro inclui 116 códigos QR que levam o leitor a uma imagem do texto da publicação original de Machado. O Bruxo do Cosme Velho exultaria ao saber disso.

Miguel Matos pesquisou milhares de textos de Machado, romances, contos e crônicas. Seu foco foi a relação do escritor com o mundo das leis, desde questões constitucionais até pequenos crimes do subúrbio carioca. Ele achou 80 advogados e 23 desembargadores na ficção do romancista.

Como o “Código” resume romances, contos e crônicas, dando sempre voz a Machado, lê-lo é um passeio pelo Rio do final do século 19 e início do 20. Algumas questões como a violência da cidade, os presentes para juízes, o sistema eleitoral e a ruína das cadeias estão aí até hoje. Em 1864 ele reclamava: “Fidélis já está preso há mais tempo, talvez, do que lhe cumpriria no máximo da pena. Não para aqui: a cadeia é imunda; Fidélis entrara para lá de perfeita saúde, mas quando saiu para o tribunal era outro, tão mudado se achava!”.

Ler Machado de Assis é um bálsamo. Quem o faz, mesmo que por poucas horas, escreve melhor já no dia seguinte.

Machado teve um dos pés em cada andar da sociedade brasileira. Em 1861 ele ironizava a mania de condecorações. Anos depois, ganhou a Ordem da Rosa. Aos 28 anos, em 1867, orgulhava-se: “Não frequento o Paço”. Em 1870 lá estava, cumprimentando d. Pedro 2º.

Com toda sua grandeza, Machado de Assis deixou duas misteriosas migalhas. Miguel Matos enfrenta a primeira. Capitu traiu Bentinho com Escobar? Ele explica: “Não vamos nos imiscuir no julgamento alheio. Mas que ela traiu, traiu”.

Não querendo se imiscuir na charada da vida real contida em “Dom Casmurro”, Miguel passa longe da suspeita levantada pelo escritor Humberto de Campos e do murmúrio centenário que acompanha Machado. Capitu traiu Bentinho e a história teria algo de autobiográfica. (Como muita coisa na obra do Bruxo). Machado teria sido o pai de Mario, o filho do romancista José de Alencar com a inglesinha Georgiana Cochrane.

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