O último escândalo é sempre o mais popular. O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, terceirizou o acesso a recursos de sua pasta, transformando os pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura em corretores junto a prefeitos de pelo menos 15 cidades de 8 estados.
Gilmar é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil e dirige o Instituto Teológico Cristo para Todos. Arilton é assessor de assuntos políticos da Convenção Nacional das Igrejas e preside seu conselho político.
A dupla teria chegado ao ministério depois de um pedido do presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos meses, reuniram-se 19 vezes com Ribeiro e em alguns casos a agenda do ministro registrava o assunto: "alinhamento político".
Ribeiro, como seus três antecessores no ministério de Bolsonaro, é uma usina de incontinências verbais, mas nenhum deles foi apanhado criando a figura de corretores de verbas para construir ou reformar creches e escolas, bem como para conseguir equipamentos eletrônicos. Repetindo: equipamentos eletrônicos.
Os prefeitos de dois municípios revelaram que a dupla cobrava um capilé que ia de R$ 15 mil a R$ 40 mil para abrir os processos, bem como taxas de sucesso quando a verba fosse liberada. Pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação, o FNDE. Repetindo: FNDE.
Num caso, Arilton pedia 1 kg de ouro (cerca de R$ 300 mil). Noutro pediu que lhe comprasse mil Bíblias, a R$ 50 cada uma.
(Tramita na Câmara dos Deputados um projeto que prevê pena de até cinco anos de cadeia para quem usar indevidamente a palavra Bíblia.)
O ministro explicou-se revelando que pode ter sido enganado e que em agosto passado pediu à Controladoria-Geral da União que investigasse denúncias. Contudo, em novembro Ribeiro recebeu Arilton acompanhado de um prefeito e 16 dias depois o FNDE liberou R$ 200 mil para sua cidade.
Uma semana depois da primeira notícia dessa bizarria, o presidente Jair Bolsonaro proclamou:
"Estamos há três anos e três meses sem corrupção no governo federal".
Não é bem assim.
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