Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Elio Gaspari
Descrição de chapéu Eleições 2022

Lula e Bolsonaro fizeram um debate infantil

Agressividade e repetição de candidatos deixaram eleitor preso no impasse

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Hoje as urnas falarão. Infelizmente, no último debate, os dois candidatos foram agressivos e repetitivos. É verdade que, sendo repetitivo, Lula falava do seu governo, tinha um acervo que falta a Bolsonaro. Houve uma pandemia, mas sua conduta não o credencia. Bolsonaro falava do seu governo e se instalou na crítica que o beneficiou em 2018. Ambos diziam que o outro é mentiroso. Como disse Bolsonaro, "chegamos a um impasse aqui". Quem ficou preso no impasse foi o eleitor.

As únicas propostas transmitidas durante as duas horas do debate vieram nos comerciais, com Pedro Bial pedindo doações para os refugiados das Nações Unidas, contando a história da menina Ana. Além dele, o programa Médicos sem Fronteiras pedia doações de R$ 30 mensais.

Dois retratos lado a lado de Lula e Bolsonaro. Lula está de terno escuro com gravata vermelhar. Bolsonaro, de terno escuro e gravata azul
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro durante o último debate presidencial do segundo turno, promovido pela TV Globo, no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel/AFP


Bolsonaro defendendo a Constituição parecia uma cena de comédia italiana. Do treinamento dos dois candidatos resultou que Lula administrou direito seu tempo e se afastou fisicamente do adversário. Deixou Bolsonaro cenograficamente isolado no cenário. O bordão "vai pra casa, Lula", repetido do debate anterior, parece ser inócuo porque no primeiro turno 57,2 milhões de pessoas acharam o contrário.

Os dois primeiros blocos do debate foram apenas cansativos, com dois senhores se insultando.

Mesmo quando Lula apontou para o calcanhar de Bolsonaro e levantou o tema da pandemia de Covid, o debate da Globo repetiu o da Band. Voltaram ao ponto de partida, com um chamando o outro de mentiroso, com Bolsonaro preso à bola de ferro dos 680 mil mortos. Ganha uma caixa de Viagra quem souber de alguém que toma a pastilha com o objetivo mencionado por Bolsonaro no seu compulsivo exercício ilegal da medicina.

Todo governante carrega defeitos. Lula nadou de braçada quando cobrou resultados a Bolsonaro. Capitão ia buscar desastres velhos. Os dois se sentiam melhor quando o outro não respondia ou permitia que o chamasse de mentiroso.


Bolsonaro, incumbente, jogou na defesa e, como ensina o futebol, quem não faz gol, toma. Felizmente voltaram os comerciais, com Ambipar falando do meio ambiente.

Terminados os blocos dos insultos, os candidatos foram obrigados a anunciar o que pretendem fazer de Pindorama nos próximos quatro anos. Ambos ofereceram suas plataformas. Cada eleitor poderá julgá-las.

Sobraram duas promessas concretas. Lula diz que isentará de imposto de renda quem tem renda de até R$ 5.000 mensais. (Em 2018, Bolsonaro prometeu e não cumpriu.) O capitão se perdeu no palanque de 2018 e, por pouco, não pediu votos para voltar à Câmara dos Deputados.

Na dúvida, quem quiser pode mandar uma pequena doação para refugiados da ONU, como pede Pedro Bial, ou para o programa Médicos sem Fronteiras.

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