Paulo Guedes padece de onipotência verbal. Quando ele insinua, quatro dias antes de uma eleição, que o PT poderá taxar as transações com o Pix, exagera.
O PT nunca propôs isso. Quem propôs taxar as transações eletrônicas foi ele.
Aos fatos:
Em dezembro de 2019, depois do fracasso da ressurreição da CPMF, o doutor disse: "Tem transações digitais. Você precisa de algum imposto, tem que ter um imposto que tribute essa transação digital."
Conta outra, doutor
Campanha eleitoral transforma urubu em meu louro. O doutor Paulo Guedes resolveu acertar o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que decidiu apoiar Lula.
Como Meirelles disse, Guedes furou o teto de gastos, ele atirou: "Nós furamos o teto porque é um teto muito mal construído. É tão mal construído que o economista não é nem economista."
Noves fora a engenharia do teto, Guedes vestiu a camisa do sindicalismo corporativista ao dizer que Meirelles "não é nem economista".
Não eram economistas: Pedro Malan, Mário Henrique Simonsen e Eugênio Gudin se formaram como engenheiros. Roberto Campos era diplomata. Joaquim Murtinho, o ferrabrás da República Velha, era também médico e homeopata.
O primeiro professor de "ciência econômica" brasileiro foi o Visconde de Cairu (1756-1835). Estudou em Portugal com bolsa da Viúva, passou a vida em cargos públicos, aposentou-se aos 50 anos e nunca deu uma aula. Não produziu um só prego.
O fardo do homem branco
A chegada de Rishi Sunak ao cargo de primeiro-ministro da Inglaterra é uma boa ocasião para se pensar no destino dos povos. Ele nasceu na Grã Bretanha, neto de indianos. Seu pai nasceu no Quênia, e a mãe, no Tanganyika (atual Tanzânia). Ao tempo do avô de Sunak, Winston Churchill debochava de Gandhi chamando-o de "faquir seminu".
Naquele século, negros do Quênia rebelaram-se contra o domínio inglês e prenderam por vários meses Hussein Onyango Obama, avô de futuro presidente dos Estados Unidos.
Em 1899, o inglês Rudyard Kipling (nascido na Índia) escreveu seu famoso poema "O fardo do homem branco", atiçando iniciativas imperialistas. Vinte anos depois, ele veio ao Brasil e, ao chegar a Salvador, perguntou onde estavam os índios ao jovem repórter que o acompanhava. Era Luís Viana Filho, que viria a ser governador da Bahia.
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