Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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O porta-aviões virou navio-fantasma

Embarcação São Paulo, da Marinha, vaga em alto mar, sem ter para onde ir

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A campanha eleitoral sedou a curiosidade geral e está passando despercebido um episódio quase cômico que ilustra as consequências da política de "passar a boiada" do governo Bolsonaro.

Em agosto passado o casco do falecido porta-aviões São Paulo saiu do Rio, rebocado, com destino à Turquia, onde seria desmantelado. Segundo o Ibama, seus papéis estavam em ordem.

A Marinha não tem sorte com seus porta-aviões. O Minas Gerais, comprado no governo JK, ganhou o apelido de Belo Antônio. Esse era o título de um filme da época, no qual o bonito ator Marcello Mastroianni casa-se com a linda Claudia Cardinale e falha.

Porta-aviões São Paulo, da Marinha
Porta-aviões São Paulo, da Marinha - Rob Schleiffert/Flickr

O São Paulo foi comprado à Marinha francesa em 2001, por 12 milhões de dólares. Ele deveria servir à Marinha brasileira até 2039. Três anos depois uma explosão matou três tripulantes. Em 2017 o Almirantado resolveu se livrar dele e começaram as conversas para sua venda, como sucata. Em 2021 fechou-se negócio, por 10,5 milhões de dólares.

Aberta a porteira, o ex-porta-aviões seria levado para o desmanche na Turquia, com todos os seus papéis em ordem.

No dia 4 de agosto, o navio saiu do Rio, rebocado. No dia 26, quando estava perto do estreito de Gibraltar, o governo turco revogou as licenças de importação e anunciou que não permitiria sua entrada. Atendia a uma denúncia do Greenpeace, segundo a qual o falecido São Paulo é uma ameaça ao meio ambiente, com pelo menos dez toneladas de amianto.

Diante do fechamento da porteira turca, o casco do São Paulo não podia entrar no Mediterrâneo. Deu meia-volta, a caminho do Rio. A essa altura o Ibama suspendeu a licença de exportação que havia concedido. No início de outubro, o falecido porta-aviões estava na altura do Espírito Santo e a porteira do Rio fechou-se. O ex-São Paulo seguiu para o porto de Suape, em Pernambuco. Nada feito, a terceira porteira fechou-se no dia 5 de outubro e o casco não poderia atracar nem fundear por perto.

Desde então o que restou do porta-aviões vaga em alto mar, sem ter para onde ir.

Quem conta muito bem essa história é João Lara Mesquita em seu site Mar Sem Fim. Ele chama o falecido porta-aviões de Navio Fantasma.

O rastro de Skaf

Depois de presidir a Federação das Indústrias de São Paulo por 18 anos, Paulo Skaf foi associado a um movimento contra seu sucessor, o mineiro Josué Gomes.

Os dissidentes acusam Gomes de imprimir um viés "ideológico" à sua gestão. Esse argumento levaria às lágrimas o imenso pato amarelo que a Fiesp hospedava diante de sua sede durante as manifestações com a presidente Dilma Rousseff.

Skaf foi um aliado do petista José Dirceu e apoia a reeleição de Bolsonaro. Como presidente da Fiesp, Skaf foi três vezes candidato a governador de São Paulo.

O doutor nega que tenha a ver com o abaixo-assinado contra Josué Gomes.

No meio da pandemia do ano passado Skaf teve seu nome associado a uma operação meio girafa de compra de vacinas da AstraZeneca por empresários. Exposta a operação, dissociou-se dela.

Um nome de peso

A senhora que deixou o cargo de primeira-ministra da Inglaterra na quinta-feira arrisca entrar no panteão das superstições.

Ela se encontrou com a rainha Elizabeth 2ª no dia 9 de setembro e a monarca morreu dois dias depois. Elizabeth tinha 96 anos e seu reinado foi o mais longo da história do país.

No cargo por apenas 44 dias, o governo da senhora foi o mais curto da história da Inglaterra.

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