Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Um vexame na Fiesp

Para a instituição do pato amarelo, ver seu presidente convidado para o ministério Indústria poderia ser motivo de satisfação

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Houve uma época em que a Federação das Indústrias de São Paulo era chamada de "a poderosa". Esse tempo passou. A Fiesp fez fama com um pato amarelo plantado diante de sua sede, enfeitando as manifestações contra Dilma Rousseff. Confundiu-se por 17 anos com a figura de seu ex-presidente, Paulo Skaf, candidato a tudo e eleito para nada. No ano passado, a Fiesp elegeu para sua presidência o empresário Josué Gomes da Silva.

De uma hora para outra, surgiu uma rebelião destinada a depô-lo. Ganha um fim de semana de visitas às empresas de Skaf quem souber de um motivo razoável para o levante. Os grandes sindicatos estão fora da manobra, articulada junto a pequenas guildas. Poderia ser o caso de um levante de pequenos por grandes motivos. Não é.

Sentado, um homem branco de cabelos castanhos, terno azul e colete preto
O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, durante reunião com o Governo de São Paulo - Governo de São Paulo - 05.Mai.2022

O fim do mandarinato de Skaf pareceu um sopro de renovação. O doutor foi conhecido pela sua desenvoltura ao circular por gabinetes de Brasília, incapazes de produzir um prego. Josué Gomes dirige uma rede de 22 indústrias têxteis, onde trabalham 15 mil pessoas. Herdou-a do pai, o ex-vice-presidente José Alencar, que começou do nada.

Alencar passou pelo sucesso empresarial e político sem um cisco de nódoa. O filho, seguindo-lhe o caminho, foi convidado para o Ministério da Indústria de Lula. O convite deveu-se ao seu desempenho como empresário, e não ao fato de ser presidente da outrora "poderosa Fiesp".

Para a instituição do pato amarelo de 2016, ver seu presidente convidado para o ministério poderia ser motivo de satisfação. Depô-lo por motivos explicáveis, poderia ser medida necessária. Levante por motivos inexplicáveis deixa a impressão de que os motivos não podiam ser explicados.

A "poderosa" já teve presidentes com interesses municipais e já foi dirigida por campeões, mas nunca passou por vexame deste tamanho.

Estilo do Itamaraty

Em 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto, seu chanceler, o embaixador João Augusto de Araújo Castro, foi mandado para a embaixada em Atenas. Quatro anos depois, ele foi para a chefia de delegação na ONU e mais tarde tornou-se embaixador em Washington, onde morreu.

Era o espírito da Casa de Rio Branco, mantido em 1964, quando o chanceler Vasco Leitão da Cunha fechou a porta da Casa aos caçadores de bruxas.

"Doutor Vasco" foi um homem gentil e elegante. Quem o via não acreditava que, em 1942, como chefe de gabinete do ministro da Justiça teve um bate-boca com o poderoso chefe de polícia Filinto Muller e deu-lhe voz de prisão.

Estilo da China

Desde o início de 2020, os Bolsonaros implicavam pessoalmente com o embaixador da China, Yang Wanming. Chegaram a sugerir que ele fosse tirado do Brasil.

Yang é um diplomata rombudo, mas o governo chinês fez que não ouviu. Só agora substituiu-o, a tempo de que entregasse credenciais ao novo presidente.

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