Elio Gaspari

Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

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Eremildo, o idiota, tem uma pergunta sobre as Americanas

Qual foi o processo decisório que levou a Americanas a tentar sacar R$ 800 milhões da sua conta no BTG Pactual no dia 11 de janeiro?

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Eremildo é um idiota e enquanto todo mundo prepara a lembrança do 8 de janeiro dos bolsonaristas, ele só pensa no 11 de janeiro, dia do aniversário da quebra da rede varejista Americanas.

A Comissão de Valores Mobiliários investiga o caso, mas ainda não revelou o que achou. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito saiu em campo e nada achou. Dela resultou apenas um parlamentar acusando o presidente da CPI de ter comprado um cavalo milionário.

Unidade das Americanas no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel - 29.jan.23/AFP

O cretino acha que os doutores fizeram o certo. Ele só tem uma dúvida:

Está entendido que o CEO da empresa, Sergio Rial, foi avisado no dia 2 de janeiro que havia gato na tuba. No dia 4 surgiu a expressão "inconsistências" e Rial percebeu o rombo de dezenas de bilhões de reais. Era o maior da história corporativa nacional.

Rial comunicou o espeto ao acionista Carlos Alberto Sicupira no dia 5, deixando-o chocado.

Entendendo que essas informações foram divulgadas pelos poderosos personagens ao longo do ano que está terminando, Eremildo só tem uma pergunta:

Qual foi o processo decisório que levou a Americanas a tentar sacar R$ 800 milhões da sua conta no BTG Pactual no dia 11 de janeiro? (Para um buraco estimado em R$ 20 bilhões, esse ervanário seria um simples petisco.)

Horas depois, a Americanas tornou público aquilo que ela chamava de "inconsistências contábeis".

Eremildo sabe que esses processos são complexos. Ele lembra que o último caso de quebra fraudulenta nos Estados Unidos foi o da empresa de energia Enron. Ela foi à garra no fim de 2001 e, no primeiro aniversário da ruína, o gênio financeiro da empresa tornou-se réu. Tomou uma cana de dez anos em 2004.

A Enron e a empresa de auditoria que acompanhava suas contas não existem mais.

Fios desencapados

O governo começará o ano com vários fios desencapados na coordenação política e nas relações com o Congresso. São muitos os petistas jogando no ataque e poucos trabalhando no meio de campo.

Em dois casos exemplares, percebe-se que criam encrencas inúteis. Petistas soprando que Flávio Dino seria rejeitado pelos senadores serviam apenas para inflar os egos daqueles que trabalhavam por Jorge Messias. Afinal, Dino havia sido indicado por Lula e ocupava o Ministério da Justiça. Ventos do Planalto intrigando o ministro Fernando Haddad com o presidente da Câmara servem apenas para tentar enfraquecer Haddad, que tem mais adversários no partido do que na Faria Lima.

A artilharia petista tem um defeito: acha que vai ganhar todas e só percebe o tamanho dos erros quando não consegue mais ganhar nada.

Em 2015 os sábios do Planalto achavam que poderiam eleger Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara. Eduardo Cunha elegeu-se e deu no que deu.

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