Encaminhado com Frequência

Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

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Descrição de chapéu Governo Lula

Governo federal perde disputa nas redes sobre regulamentação dos apps de transporte

Grupos de direita conseguem influenciar o debate da proposta apresentada pelo Executivo ao relacioná-la com aumento de tributação e insatisfação dos motoristas

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Desde que o projeto de lei que regulamenta o trabalho dos motoristas de aplicativo foi apresentado pelo Executivo, o tema tem sido bastante discutido nas redes sociais. A maior parte das mensagens enviadas sobre o assunto contém críticas negativas ao presidente Lula e à proposta.

Nos mais de 50 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver, além de Reddit e TikTok, a principal linha discursiva defendida é a de que o único beneficiário da medida seria o próprio governo, uma vez que tanto entregadores quanto consumidores não concordam com o projeto apresentado.

Motorista por aplicativo circula pela zona oeste de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Conforme se observa nos grupos, o governo federal não conseguiu comunicar adequadamente a proposta, visto que a grande maioria dos usuários demonstra confusão acerca da pauta. Os ataques que se disseminaram nos grupos de direita traziam conteúdo simples e objetivo, sempre com o apelo ao compartilhamento.

É possível observar alguma articulação nos grupos de direita, uma vez que antes mesmo de o governo apresentar o projeto já circulavam mensagens críticas. Um dos textos que circulou chamava atenção para um "ponto gravíssimo" pois "os motoristas terão de pagar a previdência, para, obviamente, o Estado ter mais uma fonte de arrecadação sem qualquer vantagem ao motorista de app". "Lembrando, amigos, que o rombo da Previdência está enorme. Aonde vamos parar?"", continuava o texto.

Nos grupos de esquerda, há diferentes abordagens na tentativa de comunicar o tema. As mensagens são, em grande parte, mais longas e argumentam que os entregadores teriam benefícios de proteção social. Um dos usuários, que tentou ponderar os dois lados, aponta que o aumento de custos pode inviabilizar o acesso aos aplicativos pela maioria da população, mas que a regulamentação pode proteger a família do entregador, em caso de acidente ou morte.

Outro argumento bastante utilizado foi de que a própria Uber teria elogiado a proposta do governo. Em tom irônico, uma das mensagens referentes a essa abordagem e com alta circulação traz o link de uma notícia seguido por "e os patriotários dizendo que a Uber ia deixar o país kkkk". Essa mesma mensagem ainda pede para que as pessoas "repassem a verdade" e que não acreditem na "mentira dos bolsonaristas".

Alguns usuários defendem que a proposta de Lula é boa para a Uber, pois a empresa pagaria o trabalhador por hora, e não por entrega, e que, dada a capacidade de análise de dados, a Uber consegue antecipar que a proposta é benéfica. Outra mensagem complementa que "se tá bom para a Uber é porque vai lascar com o motorista".

O IFood foi citado com muita frequência nesse debate. A nota que a empresa soltou em resposta às falas do ministro Luiz Marinho (PT) repercutiu negativamente para Lula, tendo sido compartilhada em grupos de direita junto a críticas ao presidente. Outras empresas como 99 e Rappi foram lembradas pelos usuários, mas apenas para enfatizar argumentos já apresentados.

Em um grupo de entregadores em que as discussões foram intensas, um dos usuários diz que se "IFood aceitar os termos do Lula, já era", ao que outra pessoa concorda dizendo que irá "pular fora" caso isso aconteça. A principal reclamação apresentada é sobre a necessidade de pagar impostos. O argumento é que a situação atual não está boa, e o aumento de encargos tende a piorar o cenário.

Um dos vídeos que circulou na plataforma foi protagonizado pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que, em encontro com trabalhadores de aplicativos, procura mobilizar uma manifestação contrária à regulamentação e convoca os motoristas para um ato em Brasília no dia 13 de março.

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