O rali da Bolsa para cima e dólar para baixo após a disparada de Jair Bolsonaro nas pesquisas são uma aposta de que as coisas podem dar certo no Brasil. Não o contrário, como parece crer o PT quando fala mal do mercado financeiro, como se ele fosse o inimigo da nação.
Bolsa em alta significa expectativa de ganhos maiores para as empresas (e para os que compram suas ações) por meio de mais crescimento, lucros e empregos. Dólar em baixa ou estável equivale a menos pressão inflacionária (importados ficam mais baratos) e aumento do poder de compra dos brasileiros.
Há notícias de dezenas de empresas preparadas para fazer ofertas públicas de ações na Bolsa e de fluxos crescentes de investimentos produtivos só à espera de medidas que possam interromper a trajetória de insolvência das contas públicas, como a reforma da Previdência.
Mas o otimismo dos últimos dias ocorre sem sabermos exatamente o que Bolsonaro, um corporativista contumaz enquanto deputado, vai fazer.
Sua reforma da Previdência vai mexer com os militares? Os muitos generais hierarquicamente superiores ao capitão reformado vão apoiar as privatizações? A CPMF vai voltar?
O tal mercado parece tão a fim de que as coisas deem certo que acredita em fiapos de declarações antigas de Paulo Guedes, o guru agora interditado por Bolsonaro, sobre o que pode ser feito para colocar as contas do país em ordem.
Enquanto isso, o que tem feito Fernando Haddad e o PT, agora acuados pelo “candidato do mercado” que sobrou?
Detonam o “teto dos gastos” sem oferecer nenhuma medida racional em troca contra a explosão do gasto público, enrolam no posicionamento e questionam se há problemas na Previdência e sugerem usar reservas cambiais para continuar gastando.
E, sem nenhuma autocrítica, Haddad segue com a “narrativa do golpe” para justificar o enorme fracasso do governo Dilma, deixando todos desconfiados de que, se eleito, poderá repetir a dose.
É verdade que os participantes do mercado financeiro são poucos e têm votos numericamente ínfimos. Mas é o mercado quem fornece nessas horas alguma direção e encorajamento a respeito do que pode vir mais à frente em termos de bem estar econômico.
Não custa lembrar: a reeleição de Dilma em 2014 se deu em meio à menor taxa de desemprego da série do IBGE (4,8%) e com o rendimento do trabalho subindo sem parar. Hoje, o desemprego é superior a 12% e a renda média está estagnada há quatro anos, ao redor de R$ 2.100.
Em cima disso, houve um aumento de 33% no total de pobres no país, de pessoas que passam o mês com menos de R$ 233 e que equivalem hoje à população do Chile (23,3 milhões).
É disso que se trata quando o mercado oferece algum alento.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.