Com o avanço da Previdência na Câmara, é bom ficar atento para o que está em jogo.
Se aprovada, ela frustrará muitos dos que esperavam se aposentar precocemente, esse colunista inclusive. Mas será imprescindível para o reequilíbrio das contas públicas –e para que o Brasil ataque outras agendas.
Abaixo, há três blocos de quadros que ajudam a entender o cenário. São números do Ministério da Economia, do Banco Central, do FMI, do Banco Mundial e da secretaria de Previdência, entre outros.
Inicialmente, segue a explicação sobre o bloco abaixo (outra, sobre o segundo bloco, estará mais à frente).
Antes de tudo, o problema: como os gastos com Previdência e assistência social crescem sem parar e já representam 55% das despesas primárias do governo central, o déficit federal tem crescido rapidamente para pagar esses compromissos.
O resultado é que a relação entre a dívida pública e o PIB do Brasil aumenta sem parar, o que nos coloca no caminho da insolvência.
Sem a reforma da Previdência, o Brasil terá de se endividar mais ou aumentar a carga tributária. Mas o país já tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, o que nos torna caros e não competitivos.
Mais abaixo, uma comparação de quanto o Brasil gasta com Previdência (em relação ao PIB) e o percentual de nossa população idosa. Claramente, estamos na contramão do mundo, sobretudo porque nos aposentamos cedo demais –especialmente no setor público.
Neste segundo bloco (abaixo), a primeira parte mostra as diferenças gigantescas que existem entre o número de beneficiários e os gastos previdenciários nos setores público e privado.
Note que os servidores são um grupo bem menor, mas que consome proporcionalmente muito mais em benefícios e ganha muito mais que a média do setor privado.
Por isso, o impacto da reforma (a economia em dez anos) será proporcionalmente maior sobre eles –daí a forte resistência das corporações de servidores, centrais sindicais e do PT, que tem muitos de sua base na administração pública.
Mais abaixo, uma tabela com os dados completos de receita e gastos previdenciários e de outros benefícios que geram um déficit anual de mais de R$ 320 bilhões.
Primeiro porque o estoque desses débitos é apenas uma parte da dívida ativa da União. Segundo, porque cerca de 62% da dívida previdenciária tem baixíssima chance de recuperação, por se tratar, na maioria dos casos, de empresas que já não existem mais.
Em resumo, pode-se discutir quem deve ganhar ou perder mais com a reforma. Mas, se ignorarmos esses números, o provável é que todos percam --e de forma muito mais chocante.
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