As patinetes elétricas nunca estiveram tão em alta na capital. Como o ser humano não pode ver uma vantagem que já quer tirar mais vantagem, são frequentes cenas de usuários circulando na contramão, calçadas e ruas movimentadas.

Outro dia, vi uma moça a bordo de uma patinete na pista expressa da avenida Nove de Julho. Ela calçava tamanquinhos, o que prova que dá para ter estilo sem dar a mínima para a integridade física.

Devido ao aumento de infrações e acidentes, os órgãos públicos estudam a regulamentação das patinetes elétricas. Serão impostas normas de conduta para garantir a segurança tanto de usuários como de pedestres.

Pegando carona nas regras para barrar a falta de noção do cidadão, sugiro que as autoridades regulamentem outras atividades que, mesmo banais, prejudicam a liberdade e o bem-estar do cidadão.

O uso de guarda-chuvas, por exemplo, deveria não só ser regulamentado, como permitido após testes psicomotores. Dessa forma, seriam evitadas colisões e possível cegueira de pedestres. O usuário também faria um cursinho para entender que áreas cobertas são para pessoas sem guarda-chuva, já que a lenda do "se abrir dentro de casa dá azar" não colou.

Elevadores só poderiam ser utilizados por pessoas que portassem uma CNH específica. O habilitado seria proibido de apertar os botões de sobe e desce simultaneamente, soltar flatulências, falar sobre o tempo, deitar a cabeça no ombro de quem está ao lado falando "ai, que soninho".

Usuários de WhatsApp deveriam respeitar regras como não mandar fotos do almoço. Não espalhar correntes sobre vídeos que levam crianças ao suicídio. Não criar mais grupos, pois todos os grupos necessários já foram criados. E não enviar áudio de mais de 20 segundos, passível de multa e retenção de aparelho.

A regulamentação poderia abranger outras áreas como filas de buffet, uso de caixas de som portáteis e academias de ginástica, onde seria proibido falar "finalmente, hein?" para quem andou faltando. Com exceção do porte de armas de fogo. Mesmo que um simples gatilho seja capaz de tirar uma vida. Esse sim deveria ter a regulamentação afrouxada para o cidadão livre de bem.