Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Coronavírus pode ter nascido na China, mas nunca foi tão brasileiro

Corre à boca pequena que ele se encontrou pessoalmente com Bolsonaro diversas vezes

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Quarentena, guerra ideológica e pandemia. Com tantos acontecimentos, nem parece que o novo coronavírus chegou ao Brasil há apenas quatro meses. Conheça a trajetória do vírus que nasceu na China, mas encontrou um ambiente fértil em terras brasileiras.

Confirmado pela primeira vez em fevereiro, a chegada do arremedo proteico foi subestimada. Assim como um estrangeiro que se ofende quando é chamado de gringo, quis provar que era muito mais do que uma gripezinha e veio para ficar.

Como muitos turistas, o coronavírus veio da Itália direto para o Carnaval. Foi acolhido pela famosa hospitalidade brasileira numa confraternização familiar. Além do vírus, o anfitrião reuniu
cerca de 30 familiares, provando que, muitas vezes, parente é serpente.

Ilustração de uma pessoa com um vírus no lugar da cabeça andando pela praia. Várias pessoas estão ao redor e olham para a pessoa com sorrisos nos rostos
Publicada nesta quinta-feira, 25 de junho de 2020 - Galvão Bertazzi/Folhapress

Encantado com o alto astral brasileiro, o vírus foi direto para a Bahia, como convidado especial de um casamento de blogueira. Ficou íntimo de celebridades, musas fitness e até dançou no palco com Preta Gil. A presença constante nas colunas sociais mostrou que até quem é não vivo sempre aparece.

Seguiu para Brasília, onde descobriu que a mamata estava longe de acabar até para um vírus. Viajou na comitiva do presidente para os Estados Unidos e voltou na primeira classe com o secretário de Comunicação. Ninguém deu muita bola, já que não foi a pior coisa transportada em avião oficial.

Corre à boca pequena que o vírus se encontrou pessoalmente com o presidente Bolsonaro diversas vezes, que teria se mostrado receptivo ao amontoado de proteínas, já que ele tem corpo de atleta. Mas o
pequeno ser queria mais.

Aproveitou seu livre acesso à classe alta, adepta do #fiqueemcasa, mas sem abrir mão da empregada, motorista, faxineira, manicure, para circular por toda a população. A cada feriado, conhecia uma nova cidade, ficando cada vez mais popular longe das capitais.

O que mais fez o coronavírus se encantar pelo país é o carinho com que é recebido em shoppings, praias, churrascaria, mureta da Urca e shows de pinguins dançantes no Beto Carrero World. Mesmo depois de matar 50 mil pessoas e do Brasil se tornar o país onde a doença mais cresce no mundo.

O vírus pode ter nascido na China, mas nunca foi tão brasileiro.

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