Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu
LGBTQIA+

Novo Superman LGBTQIA+ é coerente com personagem que defendeu minorias

Série de HQs recebeu diversos ataques, entre eles o de um famoso jogador de vôlei que desconhece o assunto

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"Por que a Terra, Jor-El?" Eles são primitivos", diz Lara, mãe do bebê Kal-El, antes de colocá-lo dentro de uma rocha kryptoniana. Jor-El, o pai, a tranquiliza: "Ele vai se parecer com um deles". Mas ela discorda: "Ele nunca será como eles. Será sempre estranho, diferente".

Esse diálogo marca uma das primeiras cenas do filme do "Superman", de 1978, quando os pais se despedem do pequeno Kal-El, antes de despachá-lo para a Terra e salvá-lo do apocalipse kryptoniano.
Como vimos nos filmes e quadrinhos ao longo das décadas, o homem de aço foi bem recebido pelos "primitivos". O que Lara não imaginava é que seu neto seria vítima da patrulha do amor alheio.

Para quem estava em Marte (sorte a sua, qualquer lugar é melhor do que a Terra hoje em dia), eis um resumo: a DC Comics anunciou o lançamento de uma HQ em que Jon, atual Super-Homem, filho de Lois Lane e Clark Kent, se envolve romanticamente com um amigo.

A nova série de HQs recebeu diversos ataques, entre eles o de um famoso jogador de vôlei. Difícil saber o que acontece com alguns atletas do vôlei que, entre manchetes e saques, se sentem aptos a dar opiniões equivocadas sobre assuntos de que não têm o menor conhecimento.

Se conhecessem um pouco da história do Homem de Aço, os críticos saberiam que o personagem é um alienígena, que chega aos Estados Unidos clandestinamente, um imigrante. Ele passa a infância e adolescência escondido porque seus pais adotivos sabiam que, se descoberto, poderia sofrer nas mãos de mal-intencionados.

Ilustração representando o Super-Homem abraçado a um homem e uma bola de vôlei que foi arremessada contra sua cabeça
Publicada em 3 de novembro de 2021 - Galvão Bertazzi

Seus criadores, Jerry Siegel e Joe Shuster, eram filhos de imigrantes judeus. Quando puseram o Super-Homem no papel, pensaram num herói que retratasse o New Deal americano e lutasse pelos oprimidos.
Ao longo das décadas, o personagem adotou novas causas, defendeu minorias, combateu desastres ambientais e supremacistas brancos. Nada mais coerente que ele e a feminista Lois Lane criassem um filho livre para amar como bem entendesse.

Mas, segundo os censores, o certo seria o Super-Homem beijar a Mulher Maravilha. Lógico que eles também não sabem muito sobre a heroína, que cresceu em uma ilha de amazonas, longe do padrão da família tradicional brasileira. Se pisassem lá, seriam enxotados a chicotadas.​

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