Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio

Indeciso vive 'charada da ponte', sem saber se corre para Lula ou Bolsonaro

É como aquela antiga charada do leão e da onça: não tem jeito, tem que correr para um lado

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Eu sei que você está em um momento difícil. É provável que você não aguente mais seus parentes, amigos e pessoas na rua te chamando para conversar.

De um lado vem seu chefe exaltando os valores da família e o fim da corrupção. Do outro, está sua prima falando sobre a ameaça à democracia. Sua taxa de glicemia deve ter triplicado com os 36 pedaços de bolo que comeu em alguma barraquinha com a placa "vamos conversar".

Provavelmente, você considera os dois lados iguais, que político é tudo o mesmo. A melhor solução seria anular. Mas ainda não deram um jeito desse tal de nulo governar por nós.

Na ilustração de Galvão Bertazzi temos uma mulher correndo, atravessando para o lado esquerdo uma ponte sobre um fosso profundo. Ela foge dos perigos do lado direito: fogo, tiros, banho de sangue e o chão parece que poderá desabar a qualquer momento. Do lado esquerdo o chão é firme, com plantas e folhagens, duas mãos se estendem oferecendo ajuda à mulher. Ela corre sobre a ponte, de sua boca sai um balão de diálogo com uma estrela vermelha dentro. Ela segue a direção de uma seta vermelha que aponta para a esquerda.
Ilustração de Galvão Bertazzi para coluna de Flavia Boggio - Galvão Bertazzi

É como aquela antiga charada do leão e da onça. Você está no meio da ponte e de um lado tem uma onça. Do outro, um leão. Não tem jeito, tem que correr para um lado. Na versão antiga, o lado certo era o da onça, porque ela era "pintada".

Se atualizar a charada, de um lado a onça já fugiu, porque do outro lado está Ricardo Salles, liberando boiada, tiro, incêndio e agrotóxico.

Talvez a onça tenha esperança, porque, desse mesmo lado da ponte, está Marina Silva e Simone Tebet, duas mulheres extraordinárias, uma da floresta, outra do agro que pensa na floresta. Do outro lado, apenas uma ex-ministra da mulher que, neste ano, cortou R$ 89 milhões de verba para o combate à violência contra mulher.

De um lado, está um ex-presidente que defende e já garantiu acesso à saúde e segurança alimentar à população.

Do outro, está um atual presidente desumano, que faz arminha pela mão, responsável por centenas de milhares de mortes pela Covid. E um ministro da Saúde que, enquanto milhares morriam sufocados por falta de oxigênio em Manaus, promovia festas em casa regadas a uísque.

De um lado está um candidato que abriu 18 universidades federais, 500 escolas técnicas e levou milhões de pessoas ao ensino superior. Do outro, um presidente que cortou e desviou bilhões do MEC. Transformou a merenda escolar, única refeição de milhares de crianças, em bolacha e suco.

De um lado, estão Raí, Chico Buarque, Fátima Bernardes, Gil, Anitta, Tabata Amaral, Sonic Youth, Mark Ruffalo, até o Amoedo. Do outro estão goleiro Bruno, Robinho, o ex-novelinha "Mutantes" Mario Frias, Mara Maravilha, Antônia Fontenelle e Paulo Cintura.

Falta só responder a charada da ponte. Para qual lado você corre?

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