Gabriel Kanner

Presidente do Instituto Brasil 200, é formado em relações internacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

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Tradicional escola de São Paulo constrange alunos de 11 e 12 anos ao incluir livro com conteúdo sexual nas aulas

Caso é apenas o mais recente exemplo da agenda de sexualização infantil que avança cada vez mais

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“Minha filha foi chamada essa semana durante a aula presencial para ler uma parte do texto que, em determinado momento, incluía a leitura dos termos ‘vagina’ e ‘pênis’. Ela ficou super constrangida, vermelha, disse que pediu desculpa para a professora e falou que não iria ler. Ela chegou em casa contando e dizendo que todos, inclusive ela, acabaram rindo muito da situação. Mas ela ficou bastante desconfortável.”

“A cena é constrangedora para um adulto. Imagino para uma criança.”

“Minha filha me perguntou, ‘mamãe, por que eu colocaria um dedo dentro da minha perereca?’... Quase morri.”

As declarações acima são de pais de alunos da Escola Móbile, tradicional instituição de ensino fundada em 1975 em São Paulo. Nas aulas de inglês do 7º ano, com alunos de 11 a 12 anos de idade, a escola adotou o livro Anne Frank’s Diary: The Graphic Adaption, uma versão “moderna” do clássico Diário de Anne Frank. O livro apresenta algumas passagens repugnantes e absolutamente inapropriadas para crianças, como essa abaixo:

“Na parte superior, entre os lábios externos, tem uma dobra de pele que, pensando bem, parece uma espécie de bolha. Esse é o clitóris…. A parte inferior parece que é apenas pele, mas é ali que fica a vagina. O buraco é tão pequeno que mal consigo imaginar como um homem pode entrar ali, e muito menos como um bebê consegue sair. É difícil até tentar colocar o dedo indicador dentro.”

Sala de aula de escola em São Paulo - Leonardo Wen - 24.fev.2006/Folhapress

O livro acabou gerando revolta entre os pais, que se juntaram em um grupo de 87 famílias para enviar uma carta de repúdio à direção da escola. Os pais escreveram que “a versão adotada causou constrangimento às crianças durante a leitura dessas passagens, por vezes ocorrida em voz alta durante a aula de inglês, desconsiderando a maturidade e a vulnerabilidade dos alunos diante da situação.”

Em resposta, a escola disponibilizou outra versão do livro em formato digital para os alunos, mas disse que a versão adotada em aula é “adequada à faixa etária do 7º ano”, ou seja, para crianças de 11 ou 12 anos. Não houve nenhuma retratação ou reconhecimento do erro. Pelo contrário, mantiveram a posição da escola e acreditam que estão corretos.

A reação dos pais é não apenas justificada como absolutamente necessária. Não há como qualquer pessoa comum se deparar com esse tipo de conteúdo feito especificamente para crianças e não se enojar. O que muitas pessoas ainda não entenderam é que não se trata de um “erro” isolado, ou da falta de atenção de algum professor que acabou “deixando passar” um material inadequado. Se trata de uma agenda intencional que pretende expor crianças cada vez mais jovens a conteúdos de cunho sexual e erótico.

Outro caso recente que ganhou repercussão mundial foi o filme “Cuties”, produzido pela Netflix. O filme pode ser chamado, sem cometer qualquer exagero, de um verdadeiro banquete para pedófilos. Há cenas de crianças de 11 anos dançando de forma totalmente sexualizada, suando e encostando as partes íntimas no chão, e até uma cena de masturbação. E não se trata de um filme feito por algum indivíduo perturbado sem relevância alguma; foi produzido pela maior empresa de streaming do mundo. A Netflix acabou pedindo desculpas pela arte de divulgação de “Cuties”, que considerou “inapropriada”, mas manteve o filme em sua plataforma.

Para explicar as origens e os objetivos desta agenda de sexualização de crianças precisaríamos construir uma linha histórica de pensamento que se origina em Jean-Jacques Rousseau e passa pelo pós-modernismo de Michel Foucault e Jacques Derrida, até desembocar em nossa atual sociedade onde a sexualização virou parte intrínseca e prevalecente na formação da identidade de cada indivíduo. Infelizmente, nesta coluna não conseguirei me aprofundar no arcabouço intelectual que criou estas condições. O que posso dizer é que diante de tal cenário, era de se esperar que os defensores da liberdade sexual irrestrita passariam a focar seus esforços cada vez mais nas crianças.

Parabéns aos pais da Escola Móbile que se mobilizaram contra este grave incidente. É preciso que cada vez mais pessoas estejam atentas a estes movimentos e principalmente à educação de seus filhos. Que possamos viver em um mundo onde as escolas sejam ambientes apropriados para crianças. Esta última frase seria redundante e sem sentido até pouquíssimo tempo atrás. Hoje, infelizmente, já não é.

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