Não me perguntem por que, mas pensando sobre a coluna desta semana, decidi dar uma olhada nos "grandes feitos do governo Bolsonaro", em bolsonaro.com.br. A falta de vergonha é tanta que a equipe não se dá nem ao trabalho de atualizar o conteúdo.
Nesta semana foi divulgado o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, que constatou aumento de 7,1% no número de mortes violentas intencionais no primeiro semestre deste ano. Os homicídios têm crescido desde o último trimestre de 2019.
A despeito disso, consta no item 15 dos grandes feitos que "(...) em seu governo, os índices de criminalidade e morte de policiais vêm caindo significativamente". No início da sua gestão, embalado pelo oportunismo de sempre, Bolsonaro —que naquela oportunidade acreditou nos números— reivindicou para si a responsabilidade pela redução nos índices de criminalidade verificada entre 2018 e 2019. Se era responsável ontem, podemos presumir que assumirá a responsabilidade de hoje pelo resultado negativo, não é? É claro que não. Sua especialidade é tirar o corpo fora.
Na mesma lista de feitos, consta, no item 10, "ministérios composto por técnicos (sic). Algo inédito na história do país". Inédito mesmo é o desrespeito pela técnica. A menos que os titulares das pastas façam o que Bolsonaro quer, caem.
Tirar o corpo fora quando convém. Criar celeuma quando lhe traz vantagens. Na terça, dormimos com a esperança de que governos federal e de São Paulo fossem se acertar em prol de uma vacina comum para todos os brasileiros. Nem 12 horas durou a nossa esperança. É a instrumentalização da ciência a serviço da propaganda política.
Para a "vacina da China" os brasileiros não serão cobaias, disse o presidente cloroquiner do "não tem prova que funciona, mas também não tem prova de que não funciona". Tudo isso no dia em que a sua criticada indicação para o STF passa por sabatina no Senado. Só não nota a estratégia de Bolsonaro quem não quer.
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