Gabriela Prioli

É mestre em direito penal pela USP e professora na pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Gabriela Prioli
Descrição de chapéu Folhajus

Bolsonaro não mudou de tom

Quantas vidas perdidas a cada vez que o Congresso dá a última chance a Bolsonaro?

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Há alguém que, baseado no que vimos no pronunciamento de terça (23), acredite de fato que Bolsonaro mudou sua concepção sobre o vírus? Que me perdoem os ingênuos, mas crer que o caos que vivemos seja causado pela nova variante do vírus é o mesmo que dizer que o que tínhamos desde o começo de 2020 era só gripezinha. O risco não surgiu agora, ele existe há mais de um ano. Variantes são consequência do descontrole —agravado pelo discurso e pelas ações do presidente—, não o inverso.

Bolsonaro mente sobre a vacina. Divulga dados sobre doses de vacina em números absolutos para mentir sobre o fracasso dos números relativos. Seu fracasso. Não mudou de tom: aproveitou-se da falta de conhecimento das pessoas sobre método científico e estatística para recomendar a cloroquina e também quando usou gráficos de bancos de imagem para divulgar, sem dados, "resultados de pesquisas".

Bolsonaro mente ao prestar solidariedade. Se verdadeiramente sentisse muito pelas vítimas, falaria a verdade, em sinal de respeito. Defenderia o uso de máscaras e condenaria aglomerações. Pararia, ele próprio, de aglomerar. Defenderia as medidas que restringem a circulação de pessoas para evitar o já real colapso no sistema de saúde e anunciaria medidas de transferência de renda dignas para que as pessoas pudessem ficar em casa em segurança.

Mas isso ele não faz. Bolsonaro continua o mesmo.

Se a resposta ao patamar máximo de rejeição à sua gestão na pandemia, às críticas vindas de aliados e à elegibilidade de Lula é o que vimos na última terça-feira, a "mudança" está longe de ser suficiente.

Dizer que Bolsonaro mudou de tom é perigoso porque legitima os atos de todos aqueles que se eximem da sua responsabilidade em conter os seus desvarios que causam a morte de cidadãos brasileiros. Qual o saldo, em vidas perdidas, a cada vez que o Congresso dá a "última chance" para Bolsonaro?
Bolsonaro não mudou de tom.

Bolsonaro durante pronunciamento na TV - TV Justiça

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.