Giuliana Vallone

É jornalista. Foi secretária-assistente de Redação da Folha e correspondente em Nova York

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Giuliana Vallone
Descrição de chapéu Copa do Mundo

O fim da Copa (e da minha arrogância futebolística)

Não consegui me livrar da ideia de que perder a Copa é uma tragédia

São Paulo

Chegamos à reta final da Copa-18, e, portanto, à minha última coluna sobre o assunto. A essa altura, quem me acompanhou por aqui já entendeu que sou afeita aos balanços. A eles, pois.

Não foi, Brasil. Acontece. Diante das boas análises dos colegas colunistas sobre o jogo, vou me ater às descobertas pessoais que vieram com a Copa. Descobri que sofro de arrogância futebolística. Veja, o primeiro Mundial de que me lembro é o de 1994. Aos 8 anos, vi pela primeira vez a seleção ser campeã do mundo. Não bastasse a euforia da vitória no esporte, ainda ganhei o bolão da família e comprei meus primeiros patins.

Começou aí minha obsessão por Copas (e por bolões). Assisti à derrota para a França em 1998, aos 12, certa de que havíamos sido prejudicados --éramos, eu sabia, reis. Em 2002 veio o penta e pronto, estava consolidada a ideia de que final de Copa sem Brasil é fraude. Na vida real, porém, não chegamos à última etapa nos últimos quatro torneios mundiais.

E eu, ainda assim, não consegui me livrar da ideia de que perder a Copa é uma tragédia. Porque, torcedora arrogante que sou, acho que o Brasil será sempre o melhor do mundo. Mas, como disse o colega PVC, está na hora de entender que existem rivais.

A equipe liderada por Tite jogou o que podia e voltou para casa quando chegou a hora. Foi e será assim com as 30 seleções que não estarão jogando no próximo domingo. De minha parte, sigo torcedora, agora crítica (mas não azeda, porque já bastam os outros).

O que me leva ao meu segundo balanço. Texto publicado nesta Folha mostra que cresceu o número de mulheres credenciadas para fazer a cobertura jornalística da Copa em 2018, para 14% do total --em 2014, eram 10%. Diante da notícia, uma leitora comentou que o baixo índice é explicado pelo pouco interesse delas por futebol.

Respeito, mas discordo. Nas últimas quatro semanas, tive a oportunidade de assistir aos jogos com um propósito (e uma desculpa): era trabalho. Ocupar este espaço me deixou com um olhar mais afiado para o esporte, me fez gostar ainda mais de futebol e, acima de tudo, me lembrou de que tudo pode despertar nosso interesse se for olhado com atenção.

E quem sabe esse número não cresce se meninas forem aos estádios, e tivermos novas equipes femininas, comentaristas, narradoras? Que sigamos mais inclusivos e cada vez mais interessados no mundo ao nosso redor.

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