Giuliana Vallone

É jornalista. Foi secretária-assistente de Redação da Folha e correspondente em Nova York

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Giuliana Vallone

O papel das empresas diante da ineficiência pública

Filantropia e ESG são bem-vindos, mas não podemos prescindir do papel das instituições públicas

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O fiasco do fim da ocupação americana no Afeganistão e a consequente fuga de cidadãos do país após a tomada de poder pelo Talibã motivaram grandes corporações a agirem para auxiliar os refugiados.
O Walmart anunciou uma doação para instituições de apoio aos afegãos que chegam aos EUA; o Airbnb divulgou que fornecerá alojamento temporário a 20 mil refugiados.

Durante a pandemia, a participação das grandes empresas no combate à Covid-19 possibilitou a construção de hospitais e a distribuição maciça de equipamentos e alimentos.

Ilustração mostra pessoas doando alimentos, roupas, objetos e dinheiro
Fido Nesti

Para além dos casos emergenciais, temos visto nas últimas décadas um envolvimento cada vez maior dos negócios nas questões de foro público. O movimento ESG, por exemplo, incentiva empresas a agirem não só para consertar problemas derivados de suas atividades mas para gerar melhorias sociais e ambientais.

São iniciativas louváveis, mas que remetem a uma questão: na inação ou ineficência do poder público, o setor privado deve preencher tais lacunas?

O tema é complexo. Em primeiro lugar, porque em um ambiente em que o poder público e o sistema político já estão desacreditados, a população passa a enxergar o setor privado como a única instituição que funciona —enfraquecendo ainda mais o arcabouço democrático.

No Brasil, pesquisa da Edelman mostrou que 61% dos ouvidos confiam nas empresas, enquanto só 39% acreditam nas lideranças políticas.

Sem fazer aqui uma defesa —praticamente impossível— de governantes, é preciso entender que o poder público ainda é a única instituição que tem como missão a defesa do interesse coletivo. Empresas, bem-intencionadas que sejam, são limitadas por sua função primária, a geração de lucro e valor para seus acionistas.

Em uma sociedade com problemas cada vez mais complexos, filantropia e ESG são bem-vindos e compõem parte da solução. Coletivamente, no entanto, não podemos prescindir do papel das instituições públicas —por mais problemas que tenham.

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