Guilherme Boulos

Professor, militante do MTST e do PSOL. Foi candidato à Presidência da República e à Prefeitura de São Paulo.

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Pindorama tem recorde de mortes, e Bolsonaro diz que máscaras causam 'efeitos colaterais'

É urgente reunião de lideranças e partidos do campo progressista

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Quando, no futuro, contarem a história da peste que assolou a humanidade, Pindorama será um capítulo à parte. Nestas terras já morreram 255 mil pessoas, mais do que a soma das vítimas de Hiroshima e Nagasaki. Na cidade encravada no "pulmão do mundo", pessoas morreram por falta de oxigênio.

Agora, quando a peste completa aniversário, parece mais devastadora do que nunca. Enquanto no mundo todo a infecção recua —seis semanas sucessivas com redução de casos—, Pindorama bate recordes de mortes diárias. Estamos a um fio do colapso sanitário. As imagens de hospitais sem vagas, de médicos sendo forçados a escolher quem vive e quem morre, de gente agonizando asfixiada na porta do pronto-socorro estão dramaticamente próximas. Por que Pindorama está na contramão de todo o resto?

Quando veio a peste, seu governante disse que era apenas uma "gripezinha" e se opôs a todas as medidas de combate. Quando veio a vacina, comemorou a interrupção dos testes e chegou a sugerir que quem se imunizasse estaria sujeito a se transmutar num jacaré. Nunca a comédia esteve tão próxima da tragédia.

Agora foi revelado que seu governo deixou de investir R$ 80 bilhões enquanto recusava ofertas para a aquisição de vacinas.

No dia em que Pindorama bateu o recorde de mortes, ele declarou que as máscaras de proteção causam "efeitos colaterais". Naquele mesmo dia, o comando do Parlamento estava mais preocupado em debater um projeto para proteger seus membros de processos criminais. Não é preciso carregar nas tintas para concluir que a peste por aqui se transformou num genocídio deliberado.

E a oposição? Bem, a oposição luta como pode. Atua no Parlamento e em governos locais para reduzir danos e salvar vidas. Entra na Justiça para frear ilegalidades. Faz barulho nas redes sociais para tentar despertar quem ainda dorme. Não pode, neste momento, convocar multidões às ruas de Pindorama, justamente pelas restrições sanitárias. Usa as armas que tem. Mas, ao modo de um coro desafinado, falta união. Não por acaso, o apelo mais lúcido veio de uma cantora, de invejável afinação: "se unam, deem o jeito de vocês, mas a gente precisa de vocês unidos para derrotar esse monstro", cantou a grande Teresa Cristina.

Ela está certa. Diante do caos e da morte, a unidade é um dever histórico. Pela vida. Por comida na mesa. Por essa tão sofrida Pindorama. É urgente uma Mesa de Unidade, com espírito de salvação nacional, que reúna lideranças e partidos do campo progressista. É verdade que não resolverá todos os problemas, mas ao menos apontará um rumo numa nação desgovernada, um reavivar da esperança.

Ainda há tempo.

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