O clima de festas de fim de ano pede harmonia entre os familiares. Mas nem todos sertanejos podem se dar ao luxo de compatibilizar suas diferenças parentais. Recentemente a cantora Simone, irmã de Simaria, anunciou o início da carreira solo depois do rompimento definitivo da irmã. A ruptura é sempre mais dolorosa quando o parceiro é um familiar.
A ruptura das irmãs baianas tem outros precedentes. No período pós-pandemia, Zezé Di Camargo e seu irmão Luciano anunciaram projetos independentes. Zezé lançou o disco "Rústico" e Luciano gravou "A Ti Entrego", um obra de caráter gospel. Não foi uma separação de fato, mas os irmãos decidiram "dar um tempo" um do outro.
Não foi a primeira vez que Zezé e Luciano se separaram. A mais dura divergência dos irmãos foi flagrada em 2011, num show em Curitiba, no qual Luciano anunciou o fim da dupla: "Eu vou abandonar os palcos porque realmente está impossível para mim. Há muito tempo que venho brigando com isso e não consigo mais lidar. É uma culpa minha, e talvez da minha saúde", desabafou o sertanejo à época.
Após o show, a dupla botou panos quentes na situação e em reportagem do Fantástico garantiu aos fãs que permaneceriam juntos.
Conviver tão intimamente e por tanto tempo pode ser um inferno pessoal para muitos sertanejos. Não é rara a separação de duplas históricas.
Caso exemplar foi o de Victor e Leo, que romperam em 2018 devido a divergências estéticas que se tornaram inconciliáveis quando Victor respondeu a um processo de violência doméstica, tornando-se cancelado nas redes. De lá pra cá, Victor Chaves lançou o ótimo disco "Projeto Vc" em 2020 e prepara-se para o segundo volume da obra em breve. Leo Chaves lançou o disco "Alusão" em 2021.
Os irmãos Chrystian e Ralf também viveram muitos momentos de tensão ao longo da longeva carreira, se separando algumas vezes, sendo a de 2021 aquela que parece ter sido a definitiva.
Em 2009, Edson e Hudson realizaram uma turnê de despedida para os fãs e cada um seguiu carreira solo. Dois anos depois, a dupla retornou aos palcos mesmo com alguns afastamentos de Hudson em decorrência de problemas com drogas.
Gian e Giovani tiveram um rompimento trágico, depois superado. Gian teve um acidente vascular cerebral e desabafou em entrevista que havia passado mal com as críticas que recebeu de Zezé Di Camargo contra sua mulher, Tati Monteiro. Foi quando Giovani defendeu Zezé. A relação acabou se desgastando e, em uma das brigas, os irmãos chegaram a se agredir.
Esses são alguns casos de irmãos sertanejos que se separaram. Há ainda vários outros casos de duplas em que os integrantes não são irmãos, mas que romperam definitiva ou temporariamente, como Bruno e Marrone, Matogrosso e Mathias, Milionário e José Rico, Leo Canhoto e Robertinho e Rick e Renner.
A música sertaneja tem origens rurais. Como todo gênero de matriz tradicional, impera um certo tradicionalismo nas relações sociais. Um desses aspectos é a fidelidade canina àqueles da família.
Ao contrário de outros gêneros musicais, como o rock, que cultivou a ideia de rebeldia como marca constitutiva, os sertanejos se veem ligados às raízes familiares.
Como toda família é sempre um espaço de intensa desarmonia censurada aos olhos públicos, não pega bem se separar do irmão indesejado. Isso vem mudando dos anos 2000 para cá, quando surgiu uma grande quantidade de cantores solo na música sertaneja, mas ainda assim é um ato traumático na carreira de vários artistas do gênero.
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