Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Um caminho para explicar a consciência

"The Consciousness Instinct" (o instinto da consciência) traz ideias novas sobre área da neurociência

Montagem feita no laboratório de Neurociência de Miguel Nicolelis na Universidade Duke (Carolina do Norte, EUA), que mostra um cérebro humano.
Montagem feita no laboratório de Neurociência de Miguel Nicolelis na Universidade Duke (Carolina do Norte, EUA), que mostra um cérebro humano. - Science Photo Library/Stock Photos
São Paulo

A consciência é um tema em voga. A Amazon americana traz mais de 40 mil livros em que a palavrinha aparece no título. “The Consciousness Instinct” (o instinto da consciência), de Michael Gazzaniga, é mais um deles. Mas dois elementos tornam essa uma obra especial, que se destaca em meio ao mar de escritos sobre o assunto.

O primeiro é o autor. Gazzaniga é um pioneiro da neurociência, na pesquisa e na divulgação. Seus trabalhos sobre pacientes cujos hemisférios cerebrais não se comunicam foram determinantes para o avanço da disciplina. Já escreveu mais de uma dezena de livros destinados ao público leigo, que conseguem ser ao mesmo tempo profundos e didáticos.

O segundo é que “The Consciousness...” traz ideias novas. Aos 78 anos, Gazzaniga continua procurando respostas para perguntas difíceis e não cessa de ampliar seus horizontes de busca. Agora ele recorre também à filosofia e à física para tentar explicar como neurônios podem produzir uma mente consciente.

Gazzaniga começa o livro de modo até careta, com um apanhado de como filósofos trataram o problema mente-corpo, e vai para a neurociência. A um dado momento, traz a física quântica. Normalmente, recorrer à física quântica para falar de consciência é sinônimo de baboseiras “new age”, mas o autor consegue fazê-lo sem evocar nenhum dos aspectos muito fantasmagóricos dessa teoria.

Ele se concentra na complementaridade, que é o princípio segundo o qual determinadas propriedades de um objeto não podem ser observadas simultaneamente (posição e momentum, por exemplo). O DNA teria essa característica de ser ao mesmo tempo e irredutivelmente uma estrutura física (é feito de carbono) e simbólica (encerra códigos genéticos arbitrários). 

​Gazzaniga acredita que esse pode ser um caminho para explicar a dualidade mente-corpo. Controverso, mas estimulante.

Email: helio@uol.com.br

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