Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman

Promessas exageradas poderão custar caro a eventual governo Lula

Se ele vencer e não houver golpe, pegará uma conjuntura especialmente difícil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Dentro de um mês, terá início a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. É difícil triunfar numa disputa presidencial sem passar uma mensagem de esperança ao eleitorado. As pessoas gostam de ilusões positivas. O risco é o candidato vencedor exagerar na dose e criar expectativas muito irrealistas em relação ao governo, situação em que o posterior choque de realidade poderá custar caro ao dirigente.

O presidente chileno, Gabriel Boric, que assumiu a Presidência em março, com 50% de aprovação popular, e hoje tem apenas 34% de aprovação - Jorge Villegas - 4.jul.22/Xinhua

O Chile é um bom exemplo desse efeito. Gabriel Boric assumiu a Presidência em março, com 50% de aprovação popular. Agora, está com meros 34%. Em quatro meses de mandato, ele perdeu 16 pontos percentuais de popularidade. A julgar pelas pesquisas, o projeto de uma nova Constituição, que, para ser adotada, precisa ser aprovada em plebiscito em setembro, corre sério risco de rejeição. A nova Carta não é obra de Boric, mas ambos se identificam com o campo ideológico da esquerda.

A explicação dos analistas é que Boric se elegeu prometendo um governo muito diferente dos anteriores, em que haveria o rechaço da política tradicional, direitos para todas as minorias, respeito ao ambiente etc. Nada disso se materializou (e nem poderia, em tão curto espaço de tempo) e a população ainda precisa conviver com uma inflação que roda em torno dos 10% anuais.

Luiz Inácio Lula da Silva, que é o favorito para suceder a Jair Bolsonaro, precisa encontrar o ponto de equilíbrio entre esperança e realismo. Se o petista de fato vencer e não houver golpe, ele pegará uma conjuntura especialmente difícil, muito pior do que a que encontrou em 2003. Além da terra arrasada deixada por Bolsonaro, ele terá de lidar com uma situação fiscal muito pior, uma Presidência com poderes bastante diminuídos e, possivelmente, com o mundo entrando em recessão. Sua campanha não pode deixar de vender alguns sonhos aos brasileiros, mas precisaria evitar os episódios mais explícitos de estelionato eleitoral.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.