Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman

Estudos mostram que ateus não se comportam pior do que religiosos

O que determinou suas reações foi basicamente a pressa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Segundo o Datafolha, 56% dos brasileiros acreditam que política e valores religiosos devem andar juntos.
É difícil imaginar o que vai na cabeça de cada eleitor, mas me parece que dá para concluir daí que a maior parte dos conterrâneos vê um elo entre religião e ética. De algum modo, pessoas religiosas se comportariam melhor que as não religiosas. Mas será que isso é verdade? O que diz a literatura científica sobre o assunto?

O estudo clássico que mostrou ser no mínimo precário o vínculo entre doutrinação religiosa e bom comportamento data dos anos 70.

É o experimento do bom samaritano. Nele, seminaristas que haviam se preparado para dar um sermão sobre essa parábola bíblica (e deveriam, portanto, estar propensos a ajudar o próximo) foram em seguida colocados diante de um ator que lhes pedia socorro. O que determinou suas reações foi basicamente a pressa: 90% dos seminaristas que achavam estar atrasados para um compromisso ignoraram os apelos; dos que acreditavam ter tempo, 63% ajudaram. Fatores situacionais, isto é, as agruras do dia a dia, parecem ser mais importantes do que os disposicionais, que seriam os moldáveis pela pregação religiosa.

De lá para cá, vários trabalhos compararam diretamente as atitudes morais de religiosos, não religiosos e ateus e não encontraram diferenças significativas. Até existem assimetrias em como cada um dos grupos analisa questões morais e em como se autodescrevem —ateus tendem a ser mais consequencialistas e não se preocupam tanto em promover valores que favorecem a coesão social, como a lealdade—, mas não nas atitudes propriamente ditas.

Um interessante estudo de Harvard mostrou que a frequência a igrejas não afeta nem sequer o consumo de pornografia. Minto. O trabalho revelou uma ligeira redução na aquisição desse material por religiosos americanos aos domingos, mas o déficit dominical é compensado nos outros dias da semana.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.