Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Foi a Covid que derrubou Bolsonaro?

Ele foi desastroso no manejo do vírus e ineficaz ao lidar com os desgastes

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O grande mistério sociológico por trás deste pleito é por que Jair Bolsonaro está em vias de ser derrotado, apesar de ser o governante de plantão e de ter recebido do Congresso autorização para gastar bilhões de reais na reeleição. O colega Marcus André Melo sugere que a Covid é parte importante da explicação, por inverter a lógica normal de eleições e criar um viés contra os candidatos à recondução.

A lista de líderes defenestrados após a pandemia, independentemente de como tenham se saído no manejo da crise, impressiona. Ela inclui ex-mandatários de EUA, Chile, Israel, Colômbia, Reino Unido, Suécia, Itália. As exceções que me vêm à mente são França e Portugal.

Não é difícil entender por que o eleitor puniria dirigentes que tiveram mau desempenho, como Bolsonaro e Trump, mas por que castigar aqueles que se destacaram positivamente? Israel e Chile despontaram como campeões da vacinação. Algo parecido vale para o Reino Unido, embora Boris Johnson tenha inicialmente jogado no campo do negacionismo. Até Jacinda Ardern, a premiê da Nova Zelândia, o país que melhor lidou com a Covid, corre, segundo as pesquisas, risco de perder a eleição do ano que vem.

A tese de Melo é que a pandemia produziu num primeiro momento um aumento de popularidade, ao menos entre os líderes que não pisaram na bola desde o início. Esse efeito, que também ocorre em guerras, é conhecido na literatura como "rally' round the flag". A população cerra fileiras em torno do governante para enfrentar a ameaça. O prestígio, porém, tende a ser efêmero e logo dá lugar à fadiga institucional. No caso da pandemia, esse desgaste foi magnificado pelo surto inflacionário que ela desencadeou.

Bolsonaro carrega um duplo fardo. Foi desastroso no manejo do vírus e ineficaz ao lidar com os desgastes posteriores. Isso ajuda a entender por que o estelionato eleitoral deste 2022 não está funcionando.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto incluiu o Uruguai entre os países cujos presidentes não foram reeleitos após a pandemia da Covid. Entretanto, a eleição presidencial no Uruguai ocorreu em 2019, antes da pandemia. O sistema político uruguaio, na verdade, não permite reeleição seguida para a Presidência. A Frente Ampla, que buscava se manter na Presidência com Daniel Martínez em substituição a Tabaré Vázquez, foi derrotada pelo Partido Nacional, com Luis Lacalle Pou.

 

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