Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu

Vítima do sucesso

Com fim da Covid zero, China se torna vítima de seu sucesso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

É difícil saber qual é exatamente a situação epidemiológica da China, após o fim da política de Covid zero. Pelas informações que escapam, o quadro não é bom. Os novos contágios estariam fora de controle, levando à superlotação dos hospitais e produzindo muitas mortes, especialmente entre idosos.

Se a situação atual é essa, ela contrasta com a dos três primeiros anos da pandemia, em que Pequim conseguiu controlar as infecções. A China seria agora uma vítima de seu sucesso pretérito.

Chineses lotam atendimento para tratamento de Covid-19 em hospital de Tanjim, na China - Noel Celis -28.dez.22/AFP

O foco da política chinesa eram as medidas não farmacológicas: ampla testagem e isolamento em massa. Os lockdowns eram severíssimos, assim como o controle de fronteiras. Nem por isso Pequim deixou de vacinar. O governo o fez, mas com as vacinas nacionais, de vírus inativados. Elas funcionam (o Brasil é prova disso), mas não tão bem quanto as vacinas de mRNA.

Especialmente os idosos se ressentem da falta de reforços (3ª e 4ª doses), que não foram disponibilizados em larga escala. Na verdade, poucos países conseguiram altas taxas de aderência para os reforços, mas, nas nações em que o vírus circulou, infecções naturais acabaram atualizando a imunidade das pessoas. Na China, que segurava o Sars-CoV-2 à unha, isso não aconteceu.

O que aconteceu é que as novas variantes do vírus, pela própria evolução darwiniana, se tornaram mais infeciosas (o R0 da cepa original foi estimado em 3,3; o da ômicron, em 18,6). Isso significa que vai ficando cada vez mais difícil conter a transmissão com medidas não farmacológicas.

Por pressões políticas, econômicas e evolutivas, Pequim não poderia manter a política de Covid zero para sempre. Mas, ao que tudo indica, a reabertura foi atabalhoada. De todo modo, acho difícil que, ao fim do processo, a China apresente taxas de mortalidade por milhão de habitantes tão ruins como as dos países que erraram em quase tudo desde o início, como Brasil, EUA, Reino Unido.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.