Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu Banco Central

Lula não consegue abandonar o populismo

Sem plano concreto, críticas ao Banco Central só causam ruídos

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Luiz Inácio Lula da Silva passou toda a campanha eleitoral sem dizer o que faria na economia. Deveria ter continuado em silêncio, pois a maioria das declarações que deu sobre o assunto depois de assumir a Presidência teve como consequência prática a elevação do dólar e dos juros futuros.

Não, não estou afirmando que o presidente deve necessariamente sujeitar-se à vontade da Faria Lima. Se ele acha mesmo que a independência do Banco Central é um erro, deve esperar a ocasião propícia (o mandato do atual presidente vai até o final de 2024) e, aí, apresentar ao Legislativo um projeto com a sua sugestão de mudança. Ao antecipar a discussão em quase dois anos e sem mostrar nenhum plano concreto, ele só causa ruídos que prejudicam seu governo. Ou a intenção não é real e ele atravessou a rua para escorregar na casca de banana que estava na outra calçada, ou é, mas ele pagará dois pedágios (agora e na tramitação do projeto) quando teria bastado um.

Lula durante evento com as centrais sindicais no Palácio do Planalto - Gabriela Biló/Folhapress - Folhapress

Como Lula não é burro, torna-se lícito perguntar se ele não faz isso de caso pensado. Se, no plano estritamente econômico, as declarações antimercado são um tiro no pé, no campo da política o jogo pode ser outro. Ao antagonizar com o comando bolsonarista do Banco Central e outros grupos "rentistas", Lula já vai criando um bode expiatório para quando não conseguir entregar o milagre do crescimento que prometeu nas entrelinhas da campanha e ainda arma o discurso do "nós contra eles" que mantém seu núcleo duro mobilizado.

O cálculo político pode fazer sentido, mas é lamentável constatar que Lula, o PT, o Brasil e a própria América Latina não conseguem se livrar desse vezo populista. Numa democracia mais adulta, em vez de fabricar culpados, governantes deveriam explicar quais são os problemas e tomar medidas para consertá-los. É decerto mais difícil, mas é o que funciona para além do horizonte das reeleições e da manutenção do poder.

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