Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Novo Mais Médicos também joga com a regulação

Se a alternativa for o paciente ficar sem atendimento, vale profissionais sem título

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Sempre defendi e ainda defendo o Mais Médicos, posição que me valeu algumas broncas em casa (minha mulher é médica). Qualquer sistema de saúde que se pretenda universal, como o SUS, precisa antes de tudo ser capaz de colocar profissionais para atender nos mais variados rincões do país.

Até haveria soluções "de mercado" para o problema. Se oferecermos salários cada vez maiores para quem topar ir para as áreas mais remotas, em algum ponto, nem que seja além dos R$ 100 mil mensais, conseguiremos levar médicos até para além de onde Judas perdeu as botas. Só que isso seria proibitivamente caro.

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O médico venezuelano Alvaro Cordona, participante do programa Mais Médicos, atende paciente na UBS Vila Pirituba, em São Paulo, em maio de 2015 - Karime Xavier - 12.mai.2015/Folhapress - Folhapress

Outra saída mercadista seria aumentar a oferta desses profissionais, ampliando o famoso exército de reserva de mão de obra. O governo Dilma fez isso, permitindo a criação de novos cursos de medicina, mas, até aqui, sem grandes resultados. É claro que, se esse movimento tiver continuidade, em algum momento haverá tantos médicos que eles aceitarão trabalhar em qualquer lugar por salários cada vez menores.

Uma terceira possibilidade é jogar com a regulação. A primeira versão do Mais Médicos fez isso trazendo os profissionais cubanos. Embora seus títulos não fossem válidos no Brasil, eles puderam atuar desde que nas áreas designadas.

Na nova versão, parte das vagas deverá ser preenchida com médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior que não conseguiram validar seus diplomas. Quando escolhe esse caminho, o governo compra uma enorme briga com as corporações médicas. Acredito que isso explique em parte a rejeição da categoria ao PT.

No mérito, penso que tudo é questão de "setting". Não vejo maiores problemas em permitir que "meios médicos", isto é, profissionais sem título, ou mesmo enfermeiros e agentes de saúde, façam diagnósticos, prescrevam antidiarreicos e antimaláricos nas regiões mais ermas, especialmente se a alternativa for o paciente ficar sem atendimento.

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