Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Descrição de chapéu Planeta em Transe petrobras

O fim de uma era

Vontade de Lula não deveria se contrapor a decisão técnica do Ibama

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"A Idade da Pedra não acabou porque ficamos sem pedras." Essa frase é atribuída a Ahmed Zaki Yamani. Revela uma lucidez surpreendente, considerando que seu autor foi durante décadas o titular do Ministério do Petróleo e dos Recursos Minerais da Arábia Saudita, um país cuja economia depende essencialmente da venda de petróleo.

A era do petróleo não acabará por causa do esgotamento das reservas desse hidrocarboneto. Isso já estava claro nos anos 1970, quando Zaki teria proferido seu alerta. Avanços tecnológicos já se encarregariam de aposentar os combustíveis fósseis. Fazê-lo, no entanto, se tornou um imperativo agora que não há mais dúvidas de que o aquecimento global antropogênico é uma ameaça ao clima planetário e que ela só será atenuada se cortarmos as emissões de CO2. Teremos de deixar o petróleo de lado bem antes de esgotar as últimas jazidas. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, parece ter assimilado essa lição; o presidente Lula, talvez não.

Foz do rio Amazonas
A foz do Amazonas, na costa do Brasil e da Guiana Francesa - Elsa Palito/Greenpeace Brasil - Elsa Palito/Greenpeace Brasil

São preocupantes as falas de Lula que sugerem que ele poderá não respeitar a decisão técnica do Ibama que negou à Petrobras licença para perfurar poços exploratórios na foz do rio Amazonas. Uma das promessas eleitorais do petista foi resgatar a institucionalidade vandalizada por Jair Bolsonaro. E, quando as instituições estão funcionando, decisões de órgãos técnicos não são desfeitas pela vontade presidencial porque Lula acha que 530 km é uma distância segura. Ou teríamos de admitir que Bolsonaro poderia ter derrubado a deliberação da Anvisa que certificou as vacinas contra a Covid-19 no Brasil. O então presidente, afinal, achava que elas não eram seguras.

Se o argumento ambiental e o institucional não comovem Lula, resta o propagandístico. A ministra do Meio Ambiente tem mais apego a princípios que a cargos. Se, numa queda de braço, ela deixar a administração, seria um desastre para a imagem do governo Lula no exterior.

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