Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman

Honra ao mérito

Meritocracia, na acepção forte, é um mito; daí não decorre que certas seleções não devam ser feitas pelo critério da excelência

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Encerrei minha coluna anterior afirmando que a meritocracia é um mito. Ato contínuo, leitores me escreveram contestando a asserção ou, ao menos, cobrando esclarecimentos. Vamos a eles.

A meritocracia em sua acepção forte sustenta que os recursos e as oportunidades que a sociedade oferece devem ser distribuídos segundo as competências de cada indivíduo e que utilizar tal critério significa fazer justiça, já que recompensa os méritos e deméritos de cada um.

A modelo Gisele Bündchen - Marcelo Sá Barretto - 7.ago.2023/AgNews

Esse raciocínio está errado. Características socialmente valorizadas como inteligência, beleza e habilidades específicas não refletem nenhum tipo de virtude pessoal. Elas se devem a combinações variadas da loteria genética com a roda das oportunidades.

A Gisele Bündchen não fez nada para nascer bonita, assim como Messi não fez nada para possuir um talento futebolístico extraordinário. Mas eles se dedicaram às suas carreiras e treinamentos, exibindo disciplina, força de vontade e disposição para o trabalho, dirá o meritocratista empedernido. Verdade.

Ocorre que disciplina, força de vontade e disposição para o trabalho são, como todas as outras características humanas, resultado de forças que não controlamos. Quem nasce com os genes errados e ainda sofre abusos na primeira infância não terá muita chance.

Isso significa que devemos ignorar a competência e transformar o mundo num imenso sistema de cotas?

É claro que não. Há muitas situações em que devemos buscar a excelência, mas por uma questão de eficiência, não de justiça. Uma universidade que deseje desenvolver um programa científico competitivo em nível global deve recrutar os melhores, sejam eles brancos, pretos ou azuis. E vale notar que nem precisam ser pessoas boas. Os EUA levaram o homem a Lua entre outras razões porque trouxeram para seu programa espacial Wernher von Braun, o responsável pelos ataques nazistas com foguetes V-2 contra Londres.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.