Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Para onde vai Milei?

Novo presidente começou evitando radicalização, mas não tem para onde correr quando paciência do eleitorado acabar

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São Paulo

Uma característica comum entre Trump, Bolsonaro e Milei é que, quando lançaram suas candidaturas presidenciais, não imaginavam que poderiam ganhar. Eles surgiram como postulantes folclóricos, que entraram na disputa para promover a própria imagem, a fim de satisfazer o ego (Trump) ou cacifar-se politicamente para pleitos futuros (Bolsonaro e Milei). Como não tinham nada a perder, levaram a retórica antissistema ao paroxismo e fizeram promessas delirantes.

Trump foi errático e antissistema do primeiro ao último dia de seu mandato. Bolsonaro começou falando grosso, mas, ao primeiro sinal de dificuldades, entregou-se gostosamente ao centrão. Como se comportará Milei?

O presidente argentino, Javier Milei, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante encontro em Buenos Aires - @carmeloneto no Instagram

Sua primeira inflexão foi na direção da moderação. Por imposições da realidade fática (não há dólares para a dolarização) e política (nem sua coalizão original nem os grupos que o abraçaram no segundo turno têm maioria congressual), ele pôs no freezer suas ideias mais mirabolantes e passou a fazer gestos de conciliação para o mundaréu de gente que atacara durante a campanha.

Vale observar que essa costumava ser a ordem natural das coisas; candidatos davam-se aos arroubos retóricos durante a disputa eleitoral mas, uma vez vitoriosos, faziam a famosa guinada ao centro. De uns tempos para cá é que líderes populistas têm preferido entreter sua base a governar.

O problema dos argentinos é que qualquer saída para a encrenca econômica em que se meteram será extremamente penosa. Mesmo que Milei faça tudo certo (o que parece improvável), resultados demorariam a aparecer. Muito antes disso, ele se veria pressionado não só pela oposição peronista como pelos próprios eleitores, e só teria o lado da radicalização para correr. Argentinos são menos tolerantes que os brasileiros. Na crise do "corralito" em 2001, ondas de protestos fizeram com que, no espaço de poucos dias, cinco pessoas passassem pela Presidência do país.

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