Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu Estados Unidos América Latina

Ações e reações

Livro destrincha os problemas da imigração da América Central para os EUA

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"Everyone Who Is Gone Is Here" (todo mundo que se foi está aqui), de Jonathan Blitzer, é um livro muito bem construído, desde já candidato a clássico sobre imigração.

Blitzer combina análise política com histórias humanas. Começa nas primeiras décadas do século 20, quando os EUA escolheram ditaduras amigas para apoiar, e termina nos dias atuais, detalhando disfuncionalidades de governos de El Salvador, Guatemala e Honduras. A lupa do autor recai sobre personagens desses três países que em algum momento rumaram para os EUA e depois voltaram para a terra de origem, por vontade própria ou deportação.

A escala da tortura e da repressão chama a atenção. Se aqui, no cone Sul, a situação já foi trágica, nesses países da América Central ela assumiu proporções genocidas. Povoados inteiros foram dizimados ou deslocados. Perseguições somadas à pobreza endêmica explicam o êxodo de salvadorenhos, guatemaltecos e hondurenhos para os EUA.

A ilustração de Annette Schwartsman, publicada na Folha de São Paulo no dia 21 de abril de 2024, mostra, sobre um fundo cinza, um grupo de homens, mulheres, jovens e crianças que estão de costas, levando malas, sacolas e mochilas, diante de um muro alto de arame farpado com portão de ferro fechado. Do lado esquerdo do portão, posada sobre um tronco, uma águia observa a cena.
A ilustração de Annette Schwartsman para coluna de Hélio Schwartsman, publicada também na versão da Folha de São Paulo desde domingo (21.abr) - Annette Schwartsman

Embora os EUA se descrevam como um país de imigrantes, latino-americanos pobres nunca foram recebidos com muita generosidade. As políticas migratórias variaram de um presidente para outro, mas sempre sob limites impostos pelo eleitorado. Mesmo Obama, que sempre fazia discursos progressistas, foi um dos governantes que mais deportaram. Trump é hors-concours. Ele não só deportou industrialmente como também deu início à política de separar filhos de seus pais, a quintessência da crueldade.

Nas várias ocasiões em que os EUA apertaram as deportações, nem se deram ao trabalho de avisar as autoridades centro-americanas de quem estavam mandando de volta. Com isso, exportaram milhares de membros de gangues, forjados na Los Angeles dos anos 80 e 90. Diante de um aparato policial muito mais corrupto e menos preparado, eles praticamente tomaram conta desses países. O combate a essas gangues é o que explica o apelo de governantes extremistas como Nayib Bukele.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.