Igor Gielow

Repórter especial, foi diretor da Sucursal de Brasília da Folha. É autor de “Ariana”.

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Em meio aos escombros, Jungmann emerge como xerife do governo

Se tiver sucesso, ministro da Segurança ganha capital político inesperado

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São Paulo

Por essa Raul Jungmann não esperava. O ministro, que foi dormir da Defesa e acordou da Segurança, ganhou protagonismo político de homem forte de uma gestão que caminhava para o suave oblívio durante os fumos e fogos da campanha eleitoral e com o esvaziamento de sua agenda econômica.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante cerimônia de posse
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante cerimônia de posse - Pedro Ladeira/Folhapress

Isso quer dizer que ele pode se cacifar a alguma campanha majoritária este ano? Temer está atrás de um presidenciável. O Rio, de um candidato a assumir aquela mixórdia deixada pela era Sérgio Cabral. Essas perguntas eram feitas por marqueteiros na tarde da terça (27), enquanto Jungmann estreava no novo posto de xerife do governo.

Bom, é ocioso dizer que tudo depende de resultados. Mas há um agravante talvez definitivo: como ministro, se quiser disputar eleições em outubro, o deputado federal do PPS-PE precisa se desincompatibilizar até 7 de abril _ou seja, daqui a pouco mais de um mês, o que torna basicamente impossível que a especulação ganhe asas.

Isso, paradoxalmente, é o grande ativo de Jungmann, isento em tese de pretensão imediata. Nos escombros políticos do governo Temer, ele emerge como porta-bandeira do estandarte que o emedebista sacou na undécima hora, tirando da chamada "narrativa" (aspas, por favor) o fracasso de resto precificado pelo mercado de sua reforma da Previdência.

Isso e uma economia lentamente em melhora aumentam o cacife do governismo para a disputa presidencial. Provavelmente não com candidato, como sonham alguns, mas sim com peso em uma aliança talvez levada pelo tucano Geraldo Alckmin, talvez por um outro nome ora inaudito.

Politicamente, se bem sucedido, Jungmann é candidato a ficar na cadeira no caso da eleição de um presidente de cepa distante da esquerda. Ao dizer que encerra sua vida partidária, pode na verdade se abrir a voos maiores à frente.

Claro, ele terá um pepino monstruoso à sua frente. No seu período como ministro da Defesa, além de administrar dezenas de operações de Garantia da Lei e da Ordem, as famosas GLO em que militares atuam na segurança pública, ele estudou a correlação entre a decadência econômica dos entes federativos e a debacle de suas forças de segurança. Ele sabe o tamanho da encrenca.

Há brigas importantes a comprar, como contra a guilda dos advogados, que tem uma tropa de membros mal-intencionados garantindo que o sigilo profissional acoberte a gestão das facções criminosas de dentro de presídios.

E há o difícil nó constitucional, já que é dos Estados a responsabilidade pela segurança pública _exceto que alguém leve a sério a possibilidade de haver intervenções federais múltiplas pelo país, cenário de pesadelo.

Como já escrevi aqui, o país não precisava de um ministério novo. Precisa de inteligência e coordenação, e combate ao flanco estatal da criminalidade, a corrupção policial e de agentes públicos. O laboratório do Rio, com as limitações e problemas prementes, está de todo modo montado e as responsabilidades, delegadas. Vejamos que rumo a coisa tomará.

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