Italo Nogueira

É repórter da Sucursal do Rio desde 2006. Recebeu a Medalha Chico Mendes de Resistência (2009) e conquistou por duas vezes o Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo (2009 e 2014)

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Políticos como os Brazão torcem para que irmãos sejam apenas exemplo de linha a não ser cruzada

Relatório da PF dedica 83 páginas à trajetória dos suspeitos no caso Marielle e deveria constranger quem lhes deu poder

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Das 479 páginas do relatório da Polícia Federal sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes, 83 se referem à trajetória da família Brazão.

O índice do documento é suficiente para entender a descrição. "Envolvimento em escândalos", "evolução patrimonial suspeita", "aparelhamento dos órgãos estatais", "grilagem de terras" são os capítulos que organizam o inventário.

Os irmãos Chiquinho Brazão (de azul) e Domingos Brazão (de preto) chegam presos no avião da PF, em Brasília. - Pedro Ladeira - 24.mar.24/Folhapress

O texto conta com reproduções de jornais que expõem o que a PF chama de "singular potencial incriminador dos irmãos". Algumas sequer têm link, por serem de uma época em que a internet engatinhava.

Em quase três décadas, os Brazão formaram currais eleitorais associando atividades suspeitas e abuso de poder econômico por meio do assistencialismo. A Justiça jamais foi capaz de coibir.

Assim, os Brazão sempre conseguiram muito voto. Mas quem lhes deu poder foi a elite política do Rio de Janeiro, facilitando a infiltração nos órgãos públicos por meio de cargos, secretaria e até um posto no Tribunal de Contas do Estado. Ela sempre tapou nariz e olhos para as evidências em busca de dividendos eleitorais.

Esse comportamento pode ser resumido na resposta de Eduardo Paes a Marcelo Freixo num debate na disputa à prefeitura em 2012. O prefeito foi criticado por ter aliados citados no relatório da CPI das Milícias.

"Sou obrigado a saber todo mundo que está citado no relatório? Aquilo não é a Bíblia."

Mais de uma década depois, Paes nomeou Brazão, citado no relatório. Depois, o exonerou e reconheceu o erro.

Mas muitos personagens semelhantes são conhecidos e circulam na política fluminense cada vez com mais poder. Torcem para que as suspeitas contra Chiquinho e Domingos sirvam apenas como exemplo de linha vermelha a não ser cruzada: mandar matar um vereador da capital.

Esperam preservar os demais capítulos de suas atividades tão públicas quanto suspeitas.

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