José Manuel Diogo

Diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, é fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

José Manuel Diogo

Fragilidade do papa Francisco demanda reflexão sobre seu eventual sucessor

Melhor candidato será aquele que souber manter essência da mensagem cristã em mundo cada vez mais tecnológico

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

É visível a fragilidade do papa Francisco. A impossibilidade de ele participar da COP28 —um marco no diálogo sobre o clima, uma de suas bandeiras— evidencia a proximidade do fim de seu papado e demanda uma reflexão sobre o perfil e as causas que definirão seu sucessor.

Este momento de anunciada transição na Igreja Católica, coincidente com a maior revolução tecnológica da história, suscita um olhar atento às dinâmicas que moldarão a escolha do próximo líder espiritual de mais de um bilhão de católicos.

O papa Francisco durante audiência semanal no salão Paulo 6º, no Vaticano - Remo Casilli - 29.nov.23/Reuters

O país de origem do futuro papa será um indicativo significativo do novo caminho da igreja. A eleição de Francisco, o primeiro papa do hemisfério sul, abriu portas para uma diversificação maior, refletindo a crescente relevância de regiões como a África e a Ásia, hoje amplamente representadas entre os cardeais eleitores. Contudo, não se pode descartar um retorno às raízes europeias, dada a história e a tradição.

A idade e a saúde serão também fatores cruciais, possivelmente inclinando a balança para um candidato mais jovem, capaz de enfrentar os desafios de um pontificado longo e ativo. Isto é particularmente pertinente, considerando os precedentes de renúncia por razões de saúde, um fenômeno quase inédito antes de Bento 16.

As causas que definirão o próximo papado estarão intrinsecamente ligadas às questões globais prementes. A crise climática, central na agenda de Francisco, dificilmente será relegada, considerando sua urgência e sua relevância global.

A justiça social, pedra angular da doutrina católica, continuará a ser um foco, possivelmente com ênfase renovada na luta contra a pobreza e a desigualdade. O diálogo inter-religioso, crucial em um mundo cada vez mais globalizado e plural, permanecerá como uma área-chave, especialmente em tempos de crescente polarização e conflitos religiosos.

A resposta aos escândalos de abuso sexual e as demandas por reformas estruturais internas, como a ordenação de mulheres e a revisão do celibato clerical, serão temas inevitáveis, mas sempre potencialmente divisivos.

Mas será a relação entre fé e tecnologia, particularmente no que tange à ética em campos emergentes como a inteligência artificial e a biotecnologia, que se tornará um território novo e desafiador para o próximo papa.

A escolha, importante como nunca, pede um balanço entre a tradição secular da igreja e as demandas de um mundo em revolução.

O melhor candidato será aquele que souber manter a essência da mensagem cristã em um mundo cada vez mais moldado pela tecnologia. Aquele que melhor interpretar o desafio de compreender como a fé e a ética se entrelaçam com algoritmos e automação. Aquele que melhor souber aproximar Deus dos homens e proteger o mundo dos perigos da inteligência artificial.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.