José Manuel Diogo

Diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, é fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.

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Descrição de chapéu Portugal União Europeia

O futuro segundo Menin: a rota lusa de um visionário

O empresário enxerga Portugal como um hub de oportunidades globais

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Rubens Menin compreende a complexidade de Portugal como a de um vinho tinto de exceção e prevê o futuro com a cristalina mineralidade dos melhores brancos. Com doçura e decisão, diz que o país luso precisa ter noção da importância que vai ter nos próximos dez anos e que isso começa por preparar uma infraestrutura que suporte esse futuro, incluindo aeroportos e outras instalações críticas.

Acredita que exista potencial para se tornar um hub significativo em nível mundial, como Londres ou Miami. Para isso acontecer, precisa investir e sobretudo acreditar no seu futuro.

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José Manuel Diogo entrevista Rubens Menin em casa localizada nos vinhedos do Douro, em Portugal - 22.fev.24/Reprodução/Portugal Brasil 200 anos

Foi com a respiração suspensa na beleza dos vinhedos do Douro, paisagem protegida para a humanidade pela Unesco e onde o empresário mineiro fundou a "Menin Douro Estates", que me sento para uma conversa ao lado de um dos empresários mais experientes e versáteis de língua portuguesa (assista à entrevista, parte do "Gente de lá e de cá", no canal da associação Portugal-Brasil 200 anos). Sua trajetória atravessa a construção, a banca, a logística e a comunicação social. Também ele está enamorado de Portugal.

O que o atraiu para Portugal?

Tenho uma forte ligação, devido à minha ascendência portuguesa e ao grande apreço pela história compartilhada entre Brasil e Portugal. Além disso, minha frequente visita à região do Douro fez apaixonar-me ainda mais, especialmente por sua beleza e potencial vinícola. Considero o Douro a região vinícola mais bonita do mundo, uma verdadeira joia que merece ser cada vez mais valorizada.

Mencionou que o Douro ainda tem muito a ser explorado...
Sim. Apesar de a indústria vinícola portuguesa ser bastante tradicional, vejo que ainda há espaço para a implementação de mais tecnologia e inovação. O terroir do Douro é excepcional e, com o avanço tecnológico, a qualidade dos vinhos pode alcançar patamares ainda maiores. O enoturismo também está crescendo muito aqui, mas ainda há muito por fazer para transformar esta região numa referência mundial.

Vivemos em uma nova onda de imigração brasileira para Portugal. Como vê essa relação atualmente? Portugal se tornou um hub estratégico, especialmente para brasileiros. A localização geográfica, a facilidade de fazer negócios aqui, dentro da Comunidade Europeia, e a afinidade cultural entre os dois países criam um ambiente extremamente favorável. Prevejo que Portugal, nos próximos dez anos, vai se transformar significativamente, tornando-se um polo ainda mais atraente para investidores.

Quais os desafios, oportunidades e obstáculos?
A burocracia é um grande desafio. Para que Portugal continue atraente e capaz de absorver esses investimentos e imigração, é fundamental agilizar processos. A segurança jurídica, a democracia e a estabilidade política são aspectos muito valorizados pelos investidores e devem ser preservados. No entanto, a simplificação dos trâmites burocráticos é essencial.

Você tem uma vasta experiência, inclusive nos Estados Unidos, no setor de construção. Como vê o mercado português atualmente, especialmente considerando a escassez de habitação e a possível expansão do mercado?
O problema da habitação é universal, e Portugal não é exceção, especialmente agora, com o aumento da população devido à imigração. Temos, no entanto, uma oportunidade única de endereçar esta questão de forma inovadora e eficaz. É vital reduzir os tempos de aprovação dos projetos para podermos responder à demanda crescente por moradias.

Considerando a atual escassez de casas em Portugal, vê oportunidade de investidores brasileiros entrarem no mercado português de habitação?

Absolutamente. Apesar dos desafios, vejo uma grande oportunidade para investidores brasileiros no mercado português de habitação. A escassez de capital não é um problema exclusivo de Portugal; é uma realidade em muitos mercados. Mas, com a combinação certa de inovação, investimento e uma abordagem ágil às aprovações e à burocracia, podemos transformar significativamente o setor de habitação em Portugal.

E para a MRV, Portugal está nos seus planos?
Sem dúvida, Portugal representa um mercado atraente para nós, especialmente no setor habitacional. Estamos atentos às oportunidades e consideramos seriamente a possibilidade de expandir nossa atuação para Portugal.

Como vê o impacto da inteligência artificial na sociedade e nos negócios?

É crucial que a utilizemos a nosso favor, garantindo que contribua positivamente para a sociedade. Na CNN Brasil, por exemplo, temos um núcleo dedicado à IA para melhorar a interação com o público. No banco Inter, a IA facilita a interação dos clientes com nossos produtos. A chave é fazer com que a inteligência artificial trabalhe com foco no bem-estar humano.

Que precisa ser regulamentada…
Tudo em sociedade necessita de uma forma de regulação, e a inteligência artificial não é exceção. A questão é como regular de maneira que incentive a inovação e proteja os cidadãos sem sufocar o potencial transformador da IA. Precisamos de regulações inteligentes, que promovam a segurança e a ética sem impedir o progresso tecnológico.

Que conselho daria para empresários brasileiros que consideram Portugal como um portal para a internacionalização?
Portugal representa uma excelente oportunidade de acesso ao mercado europeu, em um ambiente culturalmente próximo e receptivo. Aconselho a aproveitar as sinergias culturais e linguísticas, mas também a estar preparado para as diferenças no ambiente de negócios.

Como vê a importância da língua portuguesa e da relação cultural entre Brasil e Portugal no contexto dos negócios globais?
A língua portuguesa é um facilitador indiscutível, mas mais do que isso, é a similaridade cultural que realmente aproxima Brasil e Portugal. Essa proximidade facilita as relações comerciais e de investimento, tornando a adaptação e o entendimento mútuos mais simples e diretos. Isso cria uma base sólida para a colaboração e o desenvolvimento de negócios entre os dois países

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