Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
O São Paulo vive momentos que, não faz muito tempo, eram impensáveis
Rubens Chiri/saopaulofc.net | ||
São Paulo vence o Juventude, mas é eliminado na Copa do Brasil |
Os dois clubes mais populares de São Paulo passam por momentos de turbulência.
Os do Corinthians ainda amenizados por um passado recente de vitórias, atual campeão brasileiro e último clube brasileiro campeão mundial, além de seguir vivo na Copa do Brasil, embora a dívida contraída para pagar seu castelo de mármore possa afundá-lo por anos.
A desgraça do PT abalou o clube que contava com um jeitinho para resolver seus problemas e ficou impossível.
A promessa de se transformar num dos maiores do mundo nesta década virou pesadelo.
Já a crise do São Paulo tem solução bem mais fácil, porque embora a vida financeira do Tricolor também esteja complicada, nem de longe se compara à do rival.
O jejum de títulos é que é incomparável.
O último digno de nota foi o do Brasileirão de 2008, quando o tricampeonato nacional, inédito no país, parecia consolidar uma hegemonia duradoura.
Não só não consolidou como de lá para cá o clube ganhou apenas uma Copa Sul-Americana, em 2012, quando o torneio ainda não dava vaga para a Libertadores, era considerado uma espécie de segunda divisão continental e foi ganho contra um time argentino inexpressivo, o Tigre, que nem voltar voltou para o segundo tempo da decisão no Morumbi.
Tempos duros assim o São Paulo só viveu para erguer seu estádio, quando ficou de 1957 a 1969 sem comemorar nada, numa época em que o campeonato estadual era o maior objeto de desejo de todos.
Por sinal, desde 2005 que o São Paulo não comemora nem o Paulistinha, às portas de igualar, no ano que vem, jejum idêntico ao vivido nos anos 1960.
E o objetivo de ganhar pela primeira vez a Copa do Brasil ainda morreu em Caxias do Sul, contra o Juventude, da Série C, estropiado no segundo tempo e vítima de um gol em impedimento.
Pior que isso é difícil.
Hoje o problema se chama literalmente Vitória, com maiúscula e minúscula, no Barradão, em Salvador.
O rubro-negro baiano tem cinco pontos a menos que o tricolor paulista e está a apenas um da zona do rebaixamento.
Caso o São Paulo perca e o Figueirense derrote o vice-lanterna Santa Cruz, em Florianópolis, o time de Cueva voltará ao desconforto de namorar a segunda divisão, algo que até já fez em 2013, o que dá a medida de como a soberania virou fragilidade.
Corinthians, São Paulo e Inter, só para citar os únicos clubes brasileiros campeões mundiais pela Fifa e, também, os únicos campeões mundiais neste século, vivem suas crises técnicas e econômicas por motivos diferentes e com soluções distintas.
São eles e seus problemas agora como o Botafogo vive os dele não é de hoje, o Palmeiras e o Santos já viveram as seus, o Flamengo parece tê-los resolvido, e Galo e Cruzeiro, Vasco e Fluminense sobrevivem permanentemente ameaçados.
Porque não se unem, porque não mudam seus modelos de gestão, porque esperam sempre à salvação pelo cofre da viúva, porque acreditam em milagres, porque são irresponsáveis e temerários, porque deveriam se transformar em SAFs, sociedades anônimas futebolísticas, como propõe o advogado Rodrigo Castro.
É o caminho para serem auto-sustentáveis, campeões e saudáveis.
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