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Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Marco Polo Del Nero resistirá até quando no comando da CBF?
Renato Costa/Folhapress | ||
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O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, durante depoimento dado à CPI do Futebol, em 2015 |
A resposta vale não um, mas 100 milhões de dólares, dinheiro que a Fifa retém em seu cofre e não repassa à CBF ainda por conta da Copa disputada no Brasil, legado para o desenvolvimento do futebol brasileiro.
Não repassa por motivo óbvio: desconfia da gestão atual da Casa Bandida do Futebol.
As melhores fontes da Fifa garantem que o presidente da CBF não entrará em 2017 no cargo, mas há quem não acredite, tanto tempo já passou e tantas oportunidades foram perdidas para despachá-lo.
O que mais impressiona na permanência do Marco Polo que não viaja é a complacência com que seus pares o tratam.
Pense em 100 milhões de dólares divididos pelas 26 federações estaduais (não são 27 porque a catarinense faz oposição) que suportam o cartola que não pode sair do país.
Dá quase 12 milhões de reais para cada federação, dinheiro grande até para a mais rica delas, a paulista.
Imagine para a maranhense, dirigida por aliado dos Sarney, para a piauiense, a acreana.
Pois mesmo em meio a essa gente que faz tudo por dinheiro, Del Nero sobrevive.
É de se tirar o chapéu para tamanha resistência e morrer de vergonha das autoridades brasileiras, passivamente à espera de que as providências venham de Zurique, mesmo depois da prisão de Eduardo Cunha, responsável pela indicação do diretor de ética da CBF, o deputado federal mineiro Marcelo Aro, aquele que andava com um boneco do Pixuleco nas sessões do impeachment. Mesmo com Fernando Sarney como vice-presidente da CBF. Um escárnio.
Porque da cartolagem das federações não há que se esperar nada mesmo, nem dos clubes, que desperdiçam faz meses a oportunidade de tomar o poder, pois nunca a correlação de forças lhes foi tão favorável.
Farinhas do mesmo saco, com as raras exceções de praxe, acovardadas em geral.
Não surpreende, portanto, que nada se resolva em nosso futebol.
Que a violência de torcedores e PMs siga como sempre.
Que os campeonatos continuem com médias de público ridículas.
Que ainda haja gramados abaixo da crítica.
Que as arbitragens sejam deploráveis.
Resta a seleção brasileira, tardiamente entregue às mãos certas, para dar alguma alegria.
É pouco, muito pouco. E não soluciona coisa alguma.
AINDA O GOL DO CAPITA
A Fifa escolheu o gol de Maradona contra a Inglaterra, na Copa do Mundo de 1986, como o mais bonito das Copas, chamado "o gol do século", numa votação feita pela internet, sempre sujeita às contestações mais justas e variadas.
Mas, como obra individual, nada a opor.
Como tudo que diz respeito a Don Diego, gol mais espetacular impossível, da intermediária argentina à meta inglesa, ao deixar quatro rivais para trás, com fintas sucessivas e demolidoras.
Só que o quarto gol brasileiro contra a Itália, de Carlos Alberto Torres, foi obra coletiva, plasticamente mais bonita, embora tenha ficado apenas em oitavo lugar na eleição da Fifa.
Gol que o técnico campeão de 1962, Aymoré Moreira, enviado especial da recém-lançada revista "Placar" na Copa de 1970, desenhou num guardanapo, na noite anterior à final, para quem quisesse ver.
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