Felipe Melo reiterou sua preferência pelo inominável.
Nada mais esperado dadas as características de um e de outro, embora o jogador, ao menos, às vezes, seja capaz de ajudar o time defendido por ele.
Permanece no Palmeiras por ter chantageado o clube quando viveu crise com Cuca e agrada parte da torcida.
O candidato dele teve de deixar o Exército e também tem seus adeptos, porque não há país sem a face das trevas.
Nem por isso um e outro devem ser proibidos de se manifestar ou concorrer ao que for.
Se criticamos a alienação dos esportistas, normalmente voltados para os próprios umbigos, não há razão para críticas quando algum deles se manifesta.
Mesmo se comprovar o tamanho da alienação como partidários dos pregadores da violência e do obscurantismo, travestidos de moralidade.
Inadmissível, portanto, a ameaça do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no sentido de cercear declarações políticas de jogadores.
Imagine se fosse nos anos 1980, quando surgiu a libertária Democracia Corinthiana.
O mundo viria abaixo.
Então, além do mais, diferentemente da nota oficial do Palmeiras ao deixar claro seu apartidarismo, a direção alvinegra apoiava abertamente o movimento, ainda no período ditatorial, embora já em lenta e gradual demolição.
Doutor Sócrates batia de frente com Emerson Leão, Casagrande enfrentava o treinador Jorge Vieira, e a turbulência era saudavelmente permanente, porque só os autoritários desejam a paz dos cemitérios.
Que Felipe Melo, Jadson e Roger, a dupla do Corinthians, se expressem e encontrem vozes contrárias no futebol. Que seja feito o debate como se faz na sociedade, porque o futebol não é um mundo à parte.
Quem diz que política e esporte não se misturam faz o pior tipo de política, pois em nome de ser apolítico endossa o pior da política.
João Havelange passou décadas se dizendo do partido do futebol e convivendo alegremente com ditadores africanos e sul-americanos, a ponto de promover uma Copa do Mundo na Argentina do genocida general Jorge Rafael Videla, em 1978. O tirano morreu cinco anos atrás numa cela, condenado à prisão perpétua com a redemocratização do país.
Não deixa de ser curioso ver o STJD botar as manguinhas arbitrárias de fora e o Supremo Tribunal Federal calar quando o comandante do Exército, Eduardo Villas Boas, sai de seus cuidados e diz em entrevista que o próximo governo pode ter sua legitimidade questionada.
Não haverá aí uma afronta à Constituição?
Os de sempre
Chocante constatar os nomes citados na reportagem desta Folha, publicada na segunda-feira (17), sobre a venda dos direitos do Brasileiro ao exterior.
Dos eventuais compradores aos intermediários da CBF, são sempre os já sabidos, ou quase. Se surge um nome novo é mais do mesmo.
Fruto da impunidade que ainda campeia no futebol, a ponto de Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira andarem livres, leves e soltos por aí e despertarem fundadas suspeitas de participar de tais negociações.
Não se vê o envolvimento de empresas com credibilidade, apenas a pressa da maioria dos clubes em pegar qualquer migalha, pagar comissões indevidas à CBF e seguir em frente, nas mãos de aventureiras/os, gente que o mercado cuspiu, mas sobrevivente no futebol brasileiro.
Uma fauna de aventureiros apressados como coelhos ou, alguns, pior que isso.
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