Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Ex-árbitro brasileiro comemora 80 anos e é contra a tecnologia no futebol

Romualdo Arppi Filho é considerado tecnicamente o melhor apitador brasileiro

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Aniversaria nesta segunda-feira (7) o ex-árbitro de futebol Romualdo Arppi Filho. Completa oito décadas de vida.

Não foi um árbitro qualquer.

A começar por ter apitado a final da Copa do Mundo de 1986, no México, entre Argentina e Alemanha, vencida pelos hermanos por 3 a 2, numa atuação impecável, com direito a mostrar cartão amarelo para Diego Armando Maradona Franco (francamente, sabiam a rara leitora e o raro leitor deste Franco como sobrenome de Dieguito?).

Já tinha apitado dois jogos no torneio, entre França e União Soviética (1 a 1), na primeira fase, e entre México e Bulgária, nas oitavas de final, vitória dos donos da casa por 2 a 0.

O árbitro brasileiro Romualdo Arppi Filho encerra partida final da Copa do Mundo de 1986 e Maradona comemora o título da Argentina sobre a Alemanha
O árbitro brasileiro Romualdo Arppi Filho encerra partida final da Copa do Mundo de 1986 e Maradona comemora o título da Argentina sobre a Alemanha - Juha Tamminen - 29.jun.1986/Aflo Zuma Press
 

Quatro anos antes, na Espanha, Arnaldo César Coelho havia sido o primeiro brasileiro a apitar uma decisão de Copa, entre Itália e Alemanha, triunfo italiano por 3 a 1, que valeu o tricampeonato.

Em 1990, na Itália, quando a Alemanha foi para sua terceira decisão seguida, mais um brasileiro, José Roberto Wright, estava cotado para apitá-la, mas teria sido vetado pelos germânicos, queixosos dos juízes nacionais.

Fato ou boato, derrotaram os argentinos por 1 a 0, com gol de pênalti inexistente marcado, no fim do jogo, pelo árbitro mexicano, nascido no Uruguai, Edgardo Codesal.

Verdade seja dita, ele compensou a não marcação de outra penalidade clara para os vencedores, também tricampeões mundiais.

Romualdo foi o segundo e derradeiro brasileiro a ter o privilégio.

Apitou três Olimpíadas: Cidade do México, 1968; Moscou, 1980, e Los Angeles, 1984, além da final do Mundial de Clubes de 1984, em Tóquio, entre Independiente e Liverpool, nova vitória argentina, por 1 a 0.

Franzino, se impunha por estar sempre em cima do lance e por ser considerado tecnicamente o melhor apitador brasileiro, embora menos famoso que o histriônico Armando Marques. 

Ambos se orgulhavam de tratar os jogadores por senhor.

Romualdo por respeito, Armando Marques por sadismo mesmo, porque adorava expulsar os mais famosos. “Senhor Edson, o senhor está expulso de campo”, dizia, com dedo em riste no rosto de Pelé.

Nascido em Santos e hoje morando na vizinha São Vicente, Romualdo foi árbitro da Fifa durante quase 30 anos, entre 1961, com apenas 22 anos, e 1989, com 50.

Começou a apitar em 1958 e pendurou o apito em 1990.

Entre suas habilidades tinha a de saber levar os jogos na maciota e era considerado o “rei dos empates”, título nobiliárquico que rejeita, por depreciativo, recebido por suposta capacidade de amarrar partidas quentes com a marcação de faltinhas entre as intermediárias.

Esteve no comando de duas decisões de Campeonato Brasileiro. Em 1984, vitória do Fluminense sobre o Vasco, por 1 a 0, e em 1985, quando o Coritiba venceu o Bangu nos pênaltis, depois de 1 a 1 no tempo normal. As duas finais foram no Maracanã.

Torcedor da Portuguesa Santista, ao chegar aos 80 Romualdo é crítico da arbitragem por vídeo, o já famoso VAR.

Em entrevista ao repórter Alex Sabino, nesta Folha, em abril passado, foi enfático: “Os árbitros que estão em campo devem estar capacitados para fazer o trabalho, têm de participar da partida, estar perto do lance”, afirmou.

E exagerou: “Vai ter jogo com duração de 120 minutos. São três minutos para saber se foi ou não pênalti. O futebol sempre teve a questão humana. Se você elimina isso, não resta nada”.

É compreensível. 

Pelo aniversário, parabéns Romualdo!

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