Se para chegar aos mata-matas a trajetória acabou sofrida, chegar à decisão estadual parecia impossível.
Como o impossível não existe em futebol, Cuca acertou ao fazer o possível.
Não ao trocar um Everton por outro como faria, mas ao jogar com ambos, já que Pablo não pôde atuar.
E o Tricolor chegou às finais.
Seja qual for o adversário, jogará o jogo de volta fora de casa, desvantagem já enfrentada contra o rico Palmeiras e superada com frieza na cobrança dos pênaltis.
O jogo em si, sem gols, decepcionou, mas a obrigação era toda dos donos da casa que, mais uma vez, decepcionaram.
Felipão teve a intuição certa ao escalar Fernando Prass, mas não conseguiu fazer o time ter um mínimo de criatividade.
O VAR novamente jogou e jogou muito bem ao pegar dois impedimentos dificílimos, um gol anulado para cada lado.
E Tiago Volpi viveu uma tarde dramática do goleiro na hora do pênalti. Porque perdeu um, defendido por Prass, mas pegou dois, coisa para ficar nos anais.
Se o futebol ensina alguma lição, esta não poderia ser mais clara: ninguém ganha nada por antecipação.
Tira-teima
Os maiores campeões paulistas deste século decidem no Pacaembu quem enfrentará o São Paulo. O Santos tem sete taças e o Corinthians seis de 2001 para cá.
Se for o Corinthians, que joga nesta segunda-feira (8) pelo empate, o adversário do São Paulo, será a décima decisão entre os dois, com cinco conquistas alvinegras (1939/82/83/97 e 2003) e quatro tricolores (1957/87/91/98).
Se for o Santos, será a sétima, com vantagem praiana de quatro vitórias (1956/67/69/78), contra duas tricolores (1980 e 2000).
Impossível apontar favorito, mesmo com a pequena vantagem corintiana em busca de seu quarto tricampeonato.
Certeza apenas de que o Santos, de Jorge Sampaoli, irá para cima com o apoio da torcida unicamente santista.
E de que o Corinthians, de Fábio Carille, defenderá com unhas e dentes a possibilidade de permanecer pela quarta vez nesta temporada sem perder para o rival.
A rara leitora e o raro leitor que façam suas apostas. A coluna se dá ao direito de não fazer prognósticos.
Pela culatra
O filmete pró-ditadura que o conselheiro do Corinthians Osmar Stabile assumiu como coisa sua, embora apenas por lealdade a outro igual a ele, continua a provocar problemas.
O ator Paulo Amaral, que o protagonizou, se deu conta de que queimou a sua imagem ao virar porta-voz de tempos hediondos. E a produtora do vídeo que o produziu, a Vapt Filmes, do outro conselheiro alvinegro igual a Stabile, chamado Edgard Soares, está preocupada.
Ao pretender ter o governo como cliente, agora teme o afastamento de empresas que preferem distância de quem propagandeou o regime que causou as mortes e desaparecimentos de 434 oposicionistas segundo a Comissão Nacional da Verdade.
Como ainda há 36% da população a favor de comemorar a ditadura e 32% que acham o governo bom, como mostrou o Datafolha, será conveniente à Vapt correr atrás dessa gente, antes que, vapt-vupt, acabe a mamata.
O oportunismo cobra preço alto e o Corinthians não merecia ter seu nome ligado ao episódio estrelado por dois indigentes conselheiros.
Ainda mais porque o clube está historicamente ligado à Democracia Corinthiana, como, aliás, sua direção fez questão de deixar claro no último dia 31 de março.
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