Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

O desgoverno que nos assola não cumpre nenhuma promessa

Entidades esportivas continuam próximas ao poder no governo Bolsonaro

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É claro que acreditou no discurso moralizante da propaganda bolsonarista quem quis.

Alguns até por boa fé e intoxicados pela massacrante campanha que atribuiu ao petismo a corrupção que há cinco séculos mina o país.

Como foram mesmo indesculpáveis os pecados em torno da Copa do Mundo e da Olimpíada, um dos compromissos do entorno bolsonarista era o de exemplar as entidades esportivas há décadas mergulhadas em corrupção.

E o que se vê já no quinto mês de desgoverno?

A CBF, depois de convidar o presidente eleito para entregar taça de campeão e ser recebida com pompa e circunstância no Palácio do Planalto, envolvida nas mesmas denúncias de sempre, com empresas em paraísos fiscais, concorrências viciadas, velhos personagens de escândalos anteriores que reaparecem por trás de empresas com nomes como Prudent Group ou Sport Promotion, que primam pela imprudência de promover o mesmo esporte da propina de sempre, marionetes do Marco Polo que não viaja ou do Ricardo Teixeira que ainda fede, mas não cheira.

Pior, com o respaldo ou de cartolas que andaram reproduzindo o discurso bolsominion, como Mário Celso Petraglia, ou até de ex-deputados do PT, como Andrés Sanchez e Vicente Cândido, porque, como se sabe, a esperteza não tem ideologia, muito menos partido político.

E, como em toda guerra de interesses escusos, brigam as comadres e descobrem-se as verdades, com acusações cruzadas de todos os lados, que passam ao largo do nosso bravo Ministério Público, seja o federal, sejam os estaduais, mais a Receita e a Polícia federais.

Já os marqueteiros dos planos de salvação nacional, da reforma trabalhista que acabaria com o desemprego e que, em quase dois anos, só fez aumentá-lo, ou da panaceia da reforma previdenciária, tratam de contratar desfrutáveis apresentadores de TV para, a peso de ouro e com dinheiro público, tê-los como levantadores de bola em entrevistas constrangedoras, daquelas que dão vergonha alheia.

Sob efusivos aplausos, é claro, dos três pitbulls que atendem pelo mesmo sobrenome presidenciável, do astrólogo boca-suja, da histriônica deputada plagiadora e do ministro kaftaniano (sim, com “T”).

Quanto tempo tudo isso ainda durará é a resposta que vale milhões enquanto a Copa América não começa para, quem sabe, o país se reencontrar com o clima da Copa das Confederações, em 2013, o começo do fim do governo Dilma Rousseff.

O fato é que nunca se viu uma turma de milicianos capaz de marcar tantos gols contra a cada dia, como o pão que o diabo amassou.

Só falta, como os seguidores falangistas do generalíssimo Francisco Franco, ouvirmos o ex-
capitão que, como se vê, jamais gostou nem do Exército, gritar “viva la muerte!”, como bem observou mestre Janio de Freitas.

Salves!

Para Janio de Freitas, à frente de todos, e, agora em ordem alfabética, para Bernardo Mello Franco, Bob Fernandes, Celso Rocha de Barros, Dorrit Harazim, Eugênio Bucci, José Trajano, Kennedy Alencar, Luis Fernando Verissimo, Mário Magalhães, Roberto Pompeu de Toledo, Vladimir Safatle, cada um a seu modo, valentes e sensíveis iluministas nestes tempos obscuros em que pululam isentões  de má consciência ou meros capachos capazes de chamar de sala vip a infame solitária que aprisiona o ex-presidente Lula, lá colocado pelo justiceiro que se veste de preto e hoje é refém não apenas dos milicianos, mas, também, dos senadores de quem depende para “ganhar na loteria” uma vaguinha no STF.

Se até lá o ex-capitão já não for ex-presidente.

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