Pela 9ª vez na 46ª edição, a seleção brasileira levanta a Copa América, a 5ª vez como anfitriã para manter a escrita de vencer quando em casa.
Digamos que cumpriu com sua obrigação contra adversário de pouco peso para manter também a tradição de jamais perder um jogo oficial no Maracanã desde que perdeu o único, e mais importante, contra o Uruguai, 68 anos e 357 dias atrás.
A exemplo do jogo na Arena Corinthians, antes do 15º minuto, a seleção abriu o placar, em belíssima jogada de Gabriel Jesus para complemento de Everton. O Peru jogava aparentemente mais tranquilo e ousado, mas levou o gol no primeiro arremate brasileiro.
Daí para frente a seleção brasileira criou apenas duas chances de gol com Philippe Coutinho e Roberto Firmino e acabou punida por bola no braço de Thiago Silva, no chão, em pênalti inexistente que Guerrero converteu friamente para empatar. Durou pouco a alegria peruana porque em grande jogada de Arthur para Gabriel Jesus o ex-palmeirense não perdoou: 2 a 1 e o primeiro tempo acabou.
O segundo começou com jeito de que o terceiro gol logo sairia, mas quem saiu foi Jesus, rigorosamente expulso para complicar a vitória.
Verdade que o assoprador descomplicou ao inventar pênalti em Everton, e Richarlison consolidou o triunfo: 3 a 1.
Tudo somado e subtraído, a conquista e a vitória foram mais que justas, apenas sem agradar os paladares mais exigentes porque era de se esperar, 11 contra 11, desempenho mais convincente, com algum brilho. Porque o campeão voltou, ainda sem voltar.
É tetra!
As habilidosas sobrinhas de Tio Sam não deixaram por menos e mantiveram a saga holandesa de ser vice-campeã mundial, agora tetra vice, somados os segundos lugares dos homens nas Copas de 1974/78 e 2010.
Já a supremacia das mulheres americanas é avassaladora, quatro vezes campeãs olímpicas e, agora, quatro vezes campeãs mundiais. O 2 a 0 de Lyon com estádio lotado por 57.900 pessoas ficou barato, porque o volume de jogo e as chances criadas permitiriam, no mínimo, o dobro. E o bufão Donald Trump terá de aturar a ativa Megan Rapinoe.
O VAR e o papa
Não surpreende que a Conmebol, assim como a CBF, desmoralize o VAR. Parece que fazem por gosto para manter sob (e não sobre, Sergio Moro) seu domínio o maior poder das federações do futebol: a manipulação da arbitragem.
Mais difícil, mas não impossível, como estão provando, é a manipulação do VAR.
A Copa América provou-o à exaustão. Usado demorada e indevidamente diversas vezes e não usado como deveria no jogo entre Brasil e Argentina, assim como no entre Argentina e Chile, quando Lionel Messi foi expulso de maneira injusta.
A Premier League passará a usá-lo nesta temporada.
É muito provável que ensine como fazê-lo sem tirar a graça do jogo. Mas nem que o faça servirá de exemplo para este lado do mundo, tomado por canastrões de todos os tipos, entre cartolas, assopradores de apito, mercadores do futebol e seus asseclas (não acepipes, ministro da deseducação Abraham Weintraub), na mídia, inclusive.
Se a CBF mantiver (e não manter, Moro) o atual padrão, o VAR, que veio para ficar, corre o risco de, aqui, morrer.
Havia (e não haviam, Moro) esperanças de a ferramenta trazer justiça ao jogo, mas também o VAR tem revelado que a justiça é apenas para os escolhidos pelo poder.
Por mais que o Papa Francisco seja didático.
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