Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Juca Kfouri

Clube de 'Resgatas' do Flamengo

Obsessão da comparação quer saber quem ganha entre times de 81 e de 2019

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Há certas perguntas cujas respostas são quase impossíveis. Outras, nem tanto.

Um exemplo das nem tanto: até hoje ninguém jogou futebol como o nosso pré-octogenário Rei Pelé.

Nunca houve outro camisa 7 como Mané Garrincha.

O que leva à pergunta sem resposta fácil: qual seleção brasileira foi melhor, a de 1958, ou a de 1970, reconhecida pela Fifa como a número 1?

Pelo simples fato de juntar Mané e Pelé no mesmo ataque a minha escolha contraria a da Fifa.

Qual Flamengo é melhor: o de agora ou o de 1981?

Esqueça que o atual não ganhou nada ainda, embora vá ganhar o heptacampeonato brasileiro e seja favorito para ganhar o bi continental. A resposta não exige ganhar nada.

Vi todas as Academias do Palmeiras e o melhor Alviverde que vi foi o que menos ganhou, apenas um campeonato estadual, o de 1996.

O melhor Flamengo é o de 1981 não porque ganhou o Mundial de Clubes, mas porque tinha Zico.

Tinha, também, dois laterais geniais, como Leandro e Júnior, melhores que os ótimos Rafinha e Filipe Luís —basta dizer que Telê Santana considerava Leandro melhor que Djalma Santos e Carlos Alberto Torres.

Tinha Andrade e Adílio ao lado de Zico, trio superior ao excelente Willian Arão, Gerson e Éverton Ribeiro, embora o ataque com De Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique leve vantagem sobre Tita, Nunes e Lico.

Entre os goleiros Raul Plassmann e Diego Alves o páreo é duro, assim como entre as duplas de zaga Marinho e Mozer e Rodrigo Caio e Pablo Marí.

Mas por que raios o ser humano gosta tanto de comparar e com frequência compara situações incomparáveis?

Não basta desfrutar como ainda não havíamos feito neste século 21 o encanto de um time que relembra os melhores momentos do nosso futebol?

​Porque imagine o rubro-negro que nasceu em 1981, hoje com 38, sendo bombardeado pelos mais velhos com os argumentos que acabam por diminuir a beleza do time atual.

Zico e companhia belíssima estão na história e ponto.

A hora é de curtir Bruno Henrique e seus camaradas na mesma medida e torcer por nova atuação arrasadora diante do forte River Plate.

Para, então, sonhar o sonho possível de disputar uma final de Mundial outra vez com o Liverpool. Sem ilusões ou comparações com a decisão de 1981 e o baile daqueles 3 a 0.

Ali, jogassem dez vezes, o Flamengo venceria a maioria dos embates.

Hoje, sem dúvida, a situação se inverte.

Mas, num jogo só, dá até para botar a imaginação para viajar na direção de nova conquista épica e recuperar o amor-próprio não apenas do Clube de “Resgatas” do Flamengo, mas do próprio futebol brasileiro.

E o CSA?

A 28ª rodada do Brasileiro reserva para as 19h deste domingo (27), no Maracanã, o jogo entre o líder com 64 pontos e o antepenúltimo CSA, com 26.

O time alagoano só ganhou um jogo fora de casa, perdeu oito e empatou três.

O carioca está invicto em seus domínios, com 12 vitórias e apenas um empate, com o São Paulo.

Qual a chance do CSA conquistar um ou três pontos nesta noite?

A rara leitora e o raro leitor devem estar perguntando se o pobre colunista está de brincadeira e se negam a responder porque têm mais o que fazer.

Está tudo muito bem, está tudo muito bom, a resposta é óbvia mesmo que o Flamengo possa estar relaxado e de ressaca. Mas e a caixinha de surpresas? OK! Está escondida numa gaveta da Gávea.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.