Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Mundial de Clubes é fraco e provavelmente vai continuar assim

Fifa quer mexer na fórmula do torneio para 2021, na China, mas nada indica que seja para melhor

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O Mundial de Clubes começou com um jogo que pouca gente viu no Brasil: Al Sadd, do Qatar, 3, Hienghène, da Nova Caledônia, 1.

Há até quem se dedique ao jornalismo esportivo e simplesmente se esqueceu de ver ou preferiu assistir aos jogos no mesmo horário da Champions.

Agora que estão definidos os adversários de Flamengo e Liverpool nas semifinais o quadro muda.
Aos rubro-negros caberá o Al-Hilal, da Arábia Saudita, nesta terça (17), e aos vermelhos, na quarta, o mexicano Monterrey, sempre às 14h30.

Equipe do Al Hilal durante partida contra o Espérance, no Mundial de Clubes - Ibraheem Al Omari/Reuters

Os brasileiros sabem que não podem dar o jogo por vencido porque quem fez isso nos últimos anos se deu muito mal, que o digam o Inter (Mazembe, da República Democrática do Congo, 2 a 0, em 2010); o Atlético-MG (Raja Casablanca, de Marrocos, 3 a 1, em 2013); o colombiano Atlético Nacional (Kashima Antlers, do Japão, 3 a 0, em 2016) e, no ano passado, o River Plate, derrotado pelo Al Ain, dos Emirados Árabes, nos pênaltis, depois de empate 2 a 2 no jogo e na prorrogação.

Mas, se não tiver medo de passar vergonha, ou de bater em bêbado, o Flamengo pode até golear.

Só os campeões europeus não foram surpreendidos e tomara que assim sigam para dar sabor à decisão.

Embora a antiga Copa Intercontinental fosse charmosa, seja quando havia um jogo na América do Sul e outro na Europa, ou em jogo único no Japão, o atual formato é mais representativo, apesar de tecnicamente fraco a ponto de o jogo inaugural e os das quartas de final atraírem pouco.

Daí ser natural que a Fifa tenha se preocupado em mexer na fórmula para 2021, na China, com 24 clubes.

Nada indica, por enquanto, que tenha sido para melhor, embora os critérios de classificação ainda dependam de reunião da Fifa em março do ano que vem.

Garantir lugar aos times que foram campeões continentais de 2019, por exemplo, deve ser um tiro no pé.

Como estará o equatoriano Independiente del Valle, campeão da Copa Sul-Americana deste ano, até lá? Tivesse sido o Corinthians ou o Atlético o vencedor a pergunta seria a mesma. Mas a Conmebol insiste na presença dos vencedores da Sul-Americana.

Será que não seria melhor estabelecer cotas de acordo com um ranking técnico por continente?

Que se classificassem todos os campeões continentais e que a América do Sul e a Europa tivessem, além de seus campeões, os campeões e vice-campeões nacionais dos principais países do futebol mundial no ano anterior ao torneio.

Não seria privilégio imerecido garantir a presença dos melhores times da temporada precedente nos oito países campeões mundiais de seleções.

É sempre a mesma história. Prevalece a política em vez da qualidade.

Esperemos que em março um surto de bom senso invada Assunção, no Paraguai, onde fica a sede da Conmebol e receberá a assembleia decisiva, para a cartolagem internacional resolver pela excelência.

Um Mundial de Clubes bem feito tem tudo para rivalizar com a Copa do Mundo de seleções, com prestígio cada vez mais ameaçado pela globalização que fortalece os clubes bem geridos e enfraquece os vínculos nacionais nos países periféricos, cujos melhores jogadores são exportados e não despertam a mesma idolatria vivida nas agremiações.

Pergunte-se, rara leitora e raro leitor, quem você prefere ver como campeão mundial, a seleção brasileira ou o seu time?

Pergunte a quem estiver ao seu lado.

Mais de 90% escolhem o clube do coração.

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