Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Bagunça gerada pela MP do Flamengo está só começando

Como os fins não justificam os meios, não há motivos para comemorar coisa alguma

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Em primeiro lugar é preciso dizer que contratos foram feitos para serem cumpridos. E a MP do Flamengo feriu mortalmente o contrato da TV Globo com 11 dos 12 clubes participantes do Carioquinha.

Descumprido pelo Boavista, levou a emissora a cancelá-lo, medida protetora dos demais acordos que tem assinado, por exemplo, em relação ao Campeonato Brasileiro.

Em segundo lugar, vale ressaltar o espanto causado pela tardia liminar concedida pela Justiça do Rio, depois de terminado o jogo que fraudou o contrato, entre Flamengo e Boavista. Ora, a Globo buscou impedir prejuízo inevitável com a transmissão da partida e teve atendida a pretensão após a materialização da perda. Como explicar?

Explique-se: torcedores rubro-negros descobriram o nome do julgador e o ameaçaram pelas redes antissociais.

Assim, nos primeiros dias da vigência da Medida Provisória, estabeleceu-se a lambança inaugural do ato criado pelos adeptos da necropolítica, os presidentes da República e do rubro-negro.

Mais bagunça virá, uma até com consequências positivas se, de fato, vier a ser a pá de cal no moribundo modelo dos campeonatos estaduais.

Como os fins não justificam os meios e meios ruins conduzem a fins danosos, não há motivos para comemorar coisa alguma.

Atropelar contratos perfeitos e ferir direitos adquiridos apenas agradam aos prepotentes, os que imaginam poder tudo e que, invariavelmente, acabam mal.

Com um timaço para desfrutar atualmente, o clube da Gávea se beneficia dos favores do governante da hora do mesmo modo aproveitado pelo Corinthians em passado recente —e as consequências na vida alvinegra estão aí para demonstrar o efeito da esmola em demasia.

Haverá efeitos maléficos também para o exercício do bom jornalismo com a eventual proliferação dos canais dos clubes.

O lado positivo de nova fonte de renda para os cofres será contraposto ao negativo da babação de ovo aos cartolas, como se viu na "entrevista" de Rodolfo Landim depois do jogo contra o Boavista.

Se já havia quem abdicasse de senso crítico na TV comercial para não ferir donos dos direitos de transmissão, imagine nos meios dos próprio clubes.

Não há corporativismo, justificado pela ampliação de oportunidades de emprego, que minimize a perda da busca da verdade.

Tudo como resultado de uma MP injustificável, método autoritário de legislar e sobre tema não urgente, ainda mais em meio à pandemia.

É o que dá quando genocidas confraternizam.

Show de bola

Nos anos 1960, grandes expectativas em torno de jogos entre o Santos de Pelé&cia contra o Botafogo de Mané&cia terminaram com goleadas surpreendentes, quase sempre a favor dos paulistas.

Também aconteceu em torno do El Clásico, Barcelona x Real Madrid.

Recentemente mesmo, entre Flamengo e Grêmio.

Agora foi a vez de Manchester City x Liverpool.

Não tinha mais nada em disputa, a não ser a honra.

Honra respeitada pelo City ao fazer o corredor e aplaudir os gigantescos campeões ingleses. E reverência ao jogo com espetáculo magnífico, recital de futebol, nos 4 a 0 impostos pelos virtuais vice-campeões.

Nada indicava a goleada até a metade do primeiro tempo, quando os Reds eram melhores.

Então, o genial Kevin De Bruyne, o ex-Liverpool Sterling e o menino Phil Foden, 20, resolveram desequilibrar.

Nem o gol de honra permitiram aos campeões de tudo.

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