Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Sylvinho e o passo maior que a perna

De repente, cartolas resolvem apostar num técnico. Quase sempre, blefam e perdem

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Depois do fiasco na Copa do Mundo de 1990, na Itália, a CBF apostou no elegante Paulo Roberto Falcão como novo técnico da seleção, posição que o Rei de Roma, um dos melhores meio-campistas da história do futebol, jamais havia ocupado. Não deu certo, infelizmente.

Não satisfeito com mais um de seus muitos erros antes de ser banido do futebol por corrupção, Ricardo Teixeira inventou o tosco Dunga como treinador — o capitão do tetracampeonato, em 1994, nos Estados Unidos, quando levantou a taça xingando os fotógrafos.

Dunga também deu com os burros n’água.

É muito difícil para qualquer profissional começar tão por cima e dar certo, embora haja casos de sucesso.
O mais comum é dar errado.

Sylvinho foi demitido do Corinthians após três jogos no Campeonato Paulista
Sylvinho foi demitido do Corinthians após três jogos no Campeonato Paulista - Alexandre Loureiro - 17.nov.2021/Reuters

Rogério Ceni quebrou a cara no São Paulo e foi se fazer no Fortaleza.

Sylvinho não durou no Corinthians, embora para a maior parte da Fiel tenha durado até demais.

José Trajano sempre diz que uma das questões mais delicadas do futebol é a de saber a hora de demitir o treinador.

Quase todos os críticos concordam que sem tempo para trabalhar não há quem dê jeito em time algum.

Três jogos insatisfatórios no Paulistinha, em começo de temporada, são motivo para mandar Sylvinho embora?

É claro que não.

E seis meses de mau futebol no Campeonato Brasileiro passado são?

É claro que sim.

Seria o elenco corintiano inferior ao do Fortaleza que terminou à frente dos paulistas?

Daí poder-se dizer que os maiores responsáveis pela queda de Sylvinho, depois da virada santista em Itaquera, são os cartolas alvinegros, que o mantiveram no posto após o fim de 2021.

Com time repleto de estrelas, a areia do Parque São Jorge é demais para o caminhão de Sylvinho.
Que não produziu quase nada dentro do campo e se comunicou muito mal fora dele.

Com apoio do presidente do clube, repita-se, ambos vangloriando-se da vaga direta na Libertadores, hoje em dia tão difícil como atravessar a avenida Brasil, sem tropeçar, na faixa de pedestre e com sinal verde para os pedestres.

O Corinthians tropeçou e não poucas vezes.

Daí que, com quase 30 mil torcedores se esgoelando no estádio com ameaças e xingamentos, Duilio Monteiro Alves esguichou lágrimas de lagartixa e acoelhou-se.

A rara leitora e o raro leitor perdoem, mas é necessário insistir: o futebol brasileiro é moedor de treinadores porque nossos clubes são comandados por gente incompetente, influenciada pelos conselheiros e atemorizada pelos torcedores.

O Corinthians jogava melhor que o Santos, vencia, por pouco não ampliara e, aí, o promissor zagueiro João Victor falhou duas vezes para o menino da Vila Marcos Leonardo virar.

Culpa de Sylvinho?

Honestamente, não.

E o nenhum padrão de jogo do time desde maio passado? E a média de gols inferior a um por jogo? Culpa dele?

Francamente, sim.

Sylvinho tinha o apoio do vestiário, mas faltou ao tal respaldo se manifestar no gramado.

Se é verdade não ser o papel do técnico tão importante como se apregoa, por que jogadores capazes como Renato Augusto, principalmente, Paulinho, Willian e Giuliano, revelaram-se incapazes de segurá-lo?

Ou será Sylvinho ingênuo a ponto de ter confiado na palavra do cartola?

Em tempo: o clube que prega "respeito às minas" deve excluir Cuca como possibilidade. E o que diz se orgulhar da Democracia Corinthiana não pode nem pensar em Renato Gaúcho.

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